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ORDEM MISTA MAÇÓNICA
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Maçonaria e Alquimia

15/06/2019, Nenhum comentário

Maçonaria e Alquimia apesar de serem áreas e conceitos distintos têm um paralelismo relevante que não pode ser negligenciado.

Ambas, na sua definição de conceito simbólico são reconhecidas como a Arte Real, “Ars Regia”, e ambas procuram a perfeição.

Na Alquimia, o iniciado Alquimista procura através da execução da Grande Obra, por meio de vários processos laboratoriais (nomeadamente a dissolução, a coagulação, a coacção, a sublimação e a projecção entre outros…) atingir o “Ouro dos Filósofos”, como também é amplamente conhecida a desejada Pedra Filosofal, a Perfeição.

Já na Maçonaria, o Maçon tenta através do desbaste e burilagem da sua “pedra bruta” (sua essência) torná-la próxima à “pedra cúbica”, pedra essa já polida (estádio final do trabalho maçónico).

E, enquanto ao maçom (neófito ainda) se lhe pediu que visitasse o interior da terra (meditasse e refletisse para si e sobre si mesmo) para que pudesse encontrar a pedra oculta que se encontra no seu íntimo (o seu Eu), o alquimista durante o seu processo de aperfeiçoamento (suas operações) também ele se depara com este vitriol durante o desenrolar da Grande Obra, mais concretamente na fase do nigredo. É nesta fase do processo alquímico que se dá o solve et coagula, (axioma alquímico bastante conhecido), pois é durante esta fase que se efetua a dissolução da matéria-prima (“libertação”)e a sua putrefação(“separação” dos elementos que a compõem). O nigredo é uma das fases que integram a Grande Obra, processo esse que é considerado por vários autores como formado por três partes (existem outras teorias em que o número de fases são quatro ou mais, dependendo o número de operações, via escolhida e matérias-primas usadas), partes essas a saber: Nigredo, Albedo e Rubedo.

Encontramos aqui uma das várias referências ao Ternário (outras poderão ser encontradas no paralelismo com outros ternários que se encontram em ambas, Maçonaria e Alquimia, tal como: matéria/corpo, mente e espírito, entre outros…).

Ternário esse de extrema relevância para os maçons, pois para eles é através do Ternário (número 3) que a Dualidade/Binário (número 2) retorna à Unidade (número 1).

Todavia na Alquimia, este “regresso à unidade” manifesta-se após as núpcias alquímicas entre o Rei e a Rainha (Mercúrio e Enxofre Filosofais; matérias-primas estas, que não têm nenhuma relação com os elementos naturais e químicos, o metal Mercúrio (Hg) e o Não-metal Enxofre(S)) que originam o Hermafrodita/Rébis (Sal que nada tem a haver com o “sal comum” ou o sal resultante de uma reação química Ácido/Base), conhecido como o “dois em um”.

À semelhança do Adepto, também o Maçom necessita de um espaço onde possa trabalhar a sua pedra até a mesma atingir a forma desejada. Enquanto o Adepto necessita de um laboratório (labora et ora) físico e instrumentos e aparelhos para o auxiliar nos seus trabalhos, o Maçom apenas necessita do seu corpo (matéria) e mente (vontade) para trabalhar (o seu espírito). E persistindo nesse trabalho é se possível transformar a “pedra bruta” em “pedra polida”. Note-se aqui o termo “transformar”.

A Maçonaria transforma algo existente em algo diferente, mas a matéria final é a mesma matéria original. E a Alquimia transmuta, ou seja, cria algo novo/diferente a partir de matérias/origens diferentes.

Ou seja, enquanto o Maçon será sempre o mesmo Homem apenas com as mudanças no comportamento/carácter associadas ao seu “aperfeiçoamento moral” (porque a Maçonaria apenas (!) trata de aperfeiçoamentos morais e é considerada uma via/caminho pessoal efectuado através da Virtude e também a prossecução de outros princípios morais na vida do maçon), a sua essência será sempre a mesma. Na Alquimia, o Adepto pega em metais menos nobres, e tenta transformá-los em ouro/prata. Ou seja, parte de algo diferente e que modifica a sua substancia. Neste caso, utiliza materiais filosofais e/ou físicos e procura atingir a Perfeição (estado superior de espírito) que tanto pode ser designado por Elixir da Imortalidade (tenho para mim, que ele apenas é a lembrança da palavra e da ação do Homem através dos tempos…) ou por Pedra Filosofal (na minha opinião, o Conhecimento/Sabedoria; pois nada traz mais riqueza ao Homem que o saber…). E essa dita Perfeição, será mais depressa obtida (ou não…) dependendo do empenho do Adepto/Maçom durante esse trabalho que terá a fazer (só o próprio e mais ninguém!).

Se a Pedra ficará cúbica ou se a Obra se completará, somente os intervenientes o saberão. Quanto a mim, apenas me resta continuar a burilar a minha pedra “tosca” e “feia”, pois ainda se encontra muito longe da forma que ambiciono para ela…

Nuno Raimundo
Publicado no Blog Pedra de Buril em 31 de outubro de 2012


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Quem foi Albert Mackey?

21/05/2019, Nenhum comentário

Alguns autores e obras são citados constantemente na maioria dos livros pela sua importância cronológica e, mais ainda, pela contribuição imprescindível que deram para a organização da nossa instituição. Poderíamos mencionar os trabalhos eternos de Joseph Paul Oswald Wirth, Robert Freke Gould, George Kloss, William Hutchinson, René Guénon,Wilhelm Begemann, Eliphas Levy, Alec Mellor e tantos outros não menos importantes. Trataremos aqui, de maneira breve, da obra de Albert Gallatin Mackey, possivelmente, o mais citado de todos os autores, facto este que se deve a especificamente um dos seus legados.

O americano Albert Gallatin Mackey talvez tenha sido o mais importante historiador e jurista maçónico que aquela nação já produziu. Segundo os seus próprios compatriotas, até hoje não se avaliou adequadamente as consequências que os seus trabalhos tiveram sobre a maçonaria, não só americana, mas também de todo o mundo.

Dos Irmãos Americanos que conquistaram fama internacional no mundo maçónico, vários foram escritores cujos trabalhos ajudaram na formação e na extensão da luz maçónica, dentre estes nenhum escreveu tão volumosamente como o fez Mackey.

Nascido em 12 de Março de 1807 na cidade de Charleston no estado americano da Carolina do Sul, Albert Mackey graduou-se com honras na faculdade de medicina daquela cidade em 1834. Praticou a sua profissão durante vinte anos, após o que dedicou quase por completo a sua vida à obra maçónica.

Recebeu o grau 33, o último grau do Rito Escocês Antigo e Aceite, e tornou-se membro do Supremo Conselho onde serviu como Secretário-geral durante anos. Foi nesta época que ele manteve uma estreita associação com outro famoso Maçon americano, Albert Pike.

Participou como membro activo de muitas lojas, inclusive a lendária “Solomon’s Lodge nº 1”, fundada em 1734, que é, ainda hoje, a mais famosa e mais antiga loja operando continuamente na América do Norte. Ocupou inúmeros cargos de destaque nos mais altos postos da hierarquia maçónica do seu país.

Pessoalmente o Dr. Mackey foi considerado encantador por um círculo grande de amigos íntimos. O seu comportamento representava bem o que, entre os americanos, é chamado de cortesia sulista. Sempre que se interessava por um assunto era muito animado na sua discussão, até mesmo eloquente. Generoso, honesto, leal, sincero, ele mereceu bem os elogios e qualificações que recebeu de inúmeros maçons de destaque.

Um revisor da obra de Mackey disse que, como autor de literatura e ciência maçónica, ele trabalhou mais que qualquer outro na América ou na Europa. Em 1845 ele publicou o seu primeiro trabalho, intitulado Um Léxico de Maçonaria, depois disto seguiram-se:

  • “The True Mystic Tie” 1851;
  • The Ahiman Rezon of South Carolina,1852;
  • Principles of Masonic Law, 1856;
  • Book of the Chapter, 1858;
  • TextBook of Masonic Jurisprudence, 1859;
  • History of Freemasonry in South Carolina, 1861;
  • Manual of the Lodge, 1862;
  • Cryptic Masonry, 1867;
  • Symbolism of Freemasonry, and Masonic Ritual, 1869;
  • Encyclopedia of Freemasonry, 1874;
  • Masonic Parliamentary Law 1875.

Mackey esteve até o fim da vida envolvido com a produção de conhecimento maçónico. Além dos livros citados ele contribuiu com frequência para diversos periódicos e também foi editor de alguns. Por fim, publicou uma monumental “History of Freemasonry”, que possui sete volumes. Um testemunho da importância e popularidade que os livros escritos por Mackey têm é o facto de que muitos deles são editados até hoje e estão à venda em livrarias, inclusive pela Internet. No site da livraria Amazon, tida como a maior da Internet, é possível adquirir 26 edições diferentes quando se procura livros usando como referência as palavras Albert Mackey. Para quem tem habilidade de leitura em inglês, é possível ler um livro inteiro de Mackey disponível na internet. O título “Symbolism of Freemasonry” ou o Simbolismo na Maçonaria, de 364 páginas.

Dos muitos trabalhos que o Dr. Mackey legou à posteridade, um julgamento quase universal identifica a “Encyclopedia of Freemasonry” como a obra de maior importância. Anteriormente à publicação deste livro não havia nenhum de igual teor e extensão em qualquer parte do mundo. Esta obra teve muitas edições e foi revista várias vezes por outros autores maçónicos.

A contribuição de Mackey para o pensamento e leis maçónicas, produto da sua mente clara e precisa, é tida como de fundamental importância. Praticamente toda a legislação maçónica fundamental é hoje interpretada com base em alguns dos seus escritos. É verdade que algumas das suas obras contêm enganos, mas o conjunto é de extremo valor e, em particular, um trabalho tem especial destaque no mundo todo. A compilação feita por ele dos marcos ou referenciais básicos da maçonaria é adoptada como fundamento em vários ritos e obediências. Estamos a falar dos tão mencionados e conhecidos “Landmarks”.

A primeira vez em que se fez menção à palavra Landmark em Maçonaria foi nos Regulamentos Gerais compilados em 1720 por George Payne, durante o seu segundo mandato como Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, e adoptados em 1721, como lei orgânica e terceira parte integrante das Constituições dos Maçons Livres, a conhecida Constituição de Anderson, que, na sua prescrição 39, estabelecia assim:

“XXXIX – Cada Grande Loja anual tem inerente poder e autoridade para modificar este Regulamento ou redigir um novo em benefício desta Fraternidade, contanto que sejam mantidos invariáveis os antigos Landmarks…”

A tradução da palavra Landmark do inglês para o português resulta no substantivo “marco”, que, caso consultemos o dicionário Aurélio, tem o seguinte significado: marco [De marca.] S. m. 1. Sinal de demarcação, ordinariamente de pedra ou de granito oblongo, que se põe nos limites territoriais. [Cf. baliza (1).] 2. Coluna, pirâmide, cilindro, etc., de granito ou mármore, para assinalar um local ou acontecimento: o marco da fundação da cidade. 3. Qualquer acidente natural que se aproveita para sinal de demarcação. 4. Fig. Fronteira, limite: os marcos do conhecimento.

Estas definições exemplificam bem o contexto no qual o termo Landmark é utilizado, além de fazer uma referência quase explícita às origens operativas da maçonaria, quem já construiu algo em alvenaria sabe que a fixação dos marcos é um dos primeiros momentos da obra e um passo fundamental para a sua execução. Sem marcos bem estabelecidos fica muito difícil a obra ser bem executada.

Os Landmarks, que podem ser considerados uma “constituição maçónica não escrita”, longe de serem uma questão pacífica, constituem-se numa das mais controversas discussões da Maçonaria, um problema de difícil solução para a Maçonaria Especulativa. Há grandes divergências entre os estudiosos e pesquisadores maçónicos acerca das definições e nomenclatura dos Landmarks. Existem várias e várias classificações de Landmarks, cada uma com um número variado deles, que vai de 3 até 54. Virgilio A. Lasca, em “Princípios Fundamentales de la Orden e los Verdaderos Landmarks”, menciona uma relação de quinze compilações.

As Potências Maçónicas latino-americanas, via de regra, adoptam a classificação de vinte e cinco Landmarks compilada por Albert Gallatin Mackey. Deve-se a isto a frequência com que o Mackey é mencionado também entre nós.

Segundo estudiosos do assunto, a compilação de Mackey teve sucesso por que conseguiu ir ao passado e trazer as tradições e costumes imemoriais à prática maçónica moderna. Este trabalho estabeleceu a ordem no meio do caos, fornecendo um ponto de partida para os juristas e legisladores maçónicos que o seguiram.

Facto é que o grande trabalho de Mackey em jurisprudência, e mesmo o que se estende além dos Landmarks ou da jurisprudência, sobreviveu ao teste do tempo. Ainda hoje ele é frequentemente citado como uma autoridade final. As suas contribuições tiveram, e ainda tem, um efeito profundo e permeiam grande parte do pensamento maçónico moderno. Ao criar a sua obra, este autor, estava na realidade criando os marcos sobre os quais foi possível edificar grande parte do conhecimento maçónico que se produziu posteriormente.

Albert Gallatin Mackey passou ao oriente eterno em Fortress Monroe, Virgínia, em 20 de Junho de 1881, aos 74 anos. Foi enterrado em Washington em 26 de Junho, tendo recebido as mais altas honras por parte de diversos Ritos e Ordens. Hoje existe nos Estados Unidos uma condecoração, a “Albert Gallatin Mackey Medal” , que é a mais alta condecoração concedida a alguém que muito tenha contribuído para a causa maçónica.

Adaptado de Autor desconhecido


O Templo de Salomão

01/05/2019, Nenhum comentário

O Templo de Salomão ocupa uma posição de destaque na simbologia maçónica, tratando-se de uma das maiores fontes de símbolos, alegorias, lendas e ensinamentos maçónicos. É mencionado nas mais antigas tradições dos operários da Idade Média e integra os mais poéticos temas dos maçons especulativos da actualidade. De todo este simbolismo, é possível extrair as mais diversas mensagens tanto na vertente anglo-saxónica (o mundo cultural de língua Inglesa) como na vertente latina (o mundo cultural francês), nos diversos ritos e graus.

A formação dos novos Maçons (Aprendizes) apoia-se fortemente na utilização destes símbolos, alegorias, lendas e mitos.

A tradição maçónica

Relativamente ao Templo de Salomão veja-se que o próprio James Anderson afirmou no livro da Constituição (1723) que “os israelitas ao deixarem o Egipto, formaram um Reino de Maçons”; que “sob a chefia de seu Grão-Mestre Moisés (…) reuniam-se frequentemente em loja regular, enquanto estavam no deserto”, etc.. Vale a pena (e a curiosidade) ler essas páginas da história lendária de nossa sublime Ordem contada por Anderson (folhas 8 a 15) que podem ser encontradas em Reprodução das Constituições dos Franco-Maçons ou Constituições de Anderson de 1723, em inglês e português (trad. e introd. de João Nery Guimarães, Ed. Fraternidade S. Paulo, 1982). De facto, Anderson apenas repetia velhas lições transmitidas por antigos documentos de maçons operários, reunidos para seu exame e síntese. As Obrigações eram lidas na cerimónia de ingresso de um aprendiz na loja medieval (algo análogo à iniciação de nossos dias), para que o novo membro aprendesse a história da arte de construir e da associação que o recebia. Inteirava-se das regras de bom comportamento e das exigências morais que deveria respeitar – de algum modo, esses antigos documentos tinham uma finalidade análoga à das nossas actuais cartas constitutivas, emprestando regularidade à loja. O leitor interessado encontrará detalhes e documentação em O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçónica, Alex Horne (trad. Otávio M. Cajado, pref. De Harry Carr; Ed. Pensamento, S. Paulo, 9a. ed., 1997, cap. V., p. 59 e segs..

Os antigos catecismos maçónicos (séries estereotipadas de perguntas e respostas) do Século XVIII também se referiam com frequência à construção do Templo de Salomão que, inequivocamente, integra tradições anteriores à Grande Loja de Londres (1717). Se os manuscritos, manuseados por Anderson e seus companheiros para escrever o Livro da Constituição de 1723, não são exactamente conhecidos, centenas de velhos outros pergaminhos sobreviveram, foram encontrados, guardados e interpretados, constituindo uma fonte das mais autênticas para a história da nossa sublime Ordem. Nesses antigos deveres (em muitos deles) já se falava na construção do Templo de Salomão pelos maçons. Convém contudo, no que concerne à historia, tratar tais documentos com certa reserva. Na origem, foram escritos por religiosos medievais, devotados a Deus sem dúvida nenhuma, mas desprovidos de crítica histórica. Presume-se que monges cristãos transmitiram essas lições a operários iletrados (nossos avós) e que tais documentos foram sendo copiados, recopiados, etc., mantendo a visão de uma época que muito desconhecia da História.

A tradição bíblica

O Templo de Salomão, integra as narrativas do livro mais respeitável da sociedade ocidental – a Bíblia. Ao sair do Egipto, conduzido por Moisés, o povo hebreu não possuía uma religião definida, muito menos um templo. Sómente após o episódio no monte Sinai – quando Moisés recebe de Deus as normas fundamentais da Lei bem como as instruções exactas quanto à construção da Tenda Sagrada (o Tabernáculo) – é que os hebreus passam a ter um local específico de culto, abrigando nessa Tenda os objectos sagrados: a Arca da Aliança, a Mesa dos pães ázimos (ou sem fermento), o Candelabro de sete braços (Minorá). Haveria também um altar para queimar as ofertas sacrificais, outro para queimar incensos (perfumes) e uma pia de bronze. Enquanto o povo vagueava pelo deserto, Deus orientava quando, onde e por quanto tempo estacionar. Os que fugiram do Egipto mudavam o seu acampamento de um lugar para outro, somente quando a nuvem que cobria o Tabernáculo (indicando a presença do Eterno) se erguia e indicava o caminho a ser seguido. Durante o dia, a nuvem; à noite, uma coluna de fogo (veja em Êxodo, 40.34-38; ou em Números, 9.15-23). E foram quarenta anos.

Antes de Jerusalém ser transformada por David na capital do reino, ainda no tempo de Samuel (um sacerdote, juiz, profeta, mediador, chefe de guerreiros), Deus, falando a Jeremias, equipararia Samuel a Moisés – Jer. 15.1 – a Arca ficou guardada num templo, em Silo, sob os cuidados da família de Eli, também sacerdote. Em Silo, Josué (que sucedera a Moisés) acampara o povo pela última vez (Josué, 18.1 e sgs.). Esse pequeno templo de Silo foi, presumidamente, destruído pelos filisteus (Jer. 7.11-12: “Será que vocês pensam que o meu Templo é um esconderijo de ladrões? Vão a Silo, o primeiro lugar que escolhi para nele ser adorado, e vejam o que fiz ali por causa da maldade de Israel.” Assim falou o Eterno.).

David, já consagrado rei, levaria a Arca da Aliança para Jerusalém (1 Crónicas 15.25-28). Tão alegre e festivo esteve David nesse cortejo (cantando e dançando com o povo), que Mical, sua esposa, filha de Saul, sentiu desprezo por ele (1. Cron., 15.29). Contudo o tabernáculo e o altar dos sacrifícios continuariam em Gabaon, visto que David caíra em desgraça aos olhos de Deus. Derramara sangue em abundância, fizera guerras em demasia e, por isso mesmo não poderia edificar em nome de Deus (ver I Cron. 22.6-19). Somente Salomão teria a glória de construir o Templo – o primeiro de Jerusalém, dada a existência de mais dois templos: o construído por Zorobabel, após o exílio na Babilónia, e o construído por Herodes.

Fontes extra bíblicas

Apesar das minuciosas descrições registadas na Bíblia, ainda não foi possível, contudo, ter certezas quanto a esse primeiro templo de Jerusalém. Não há registos extra bíblicos. As escavações arqueológicas ainda não apresentaram alguma prova válida da existência dessa obra. Explica-se tal ausência de restos arqueológicos à completa destruição que teria sido realizada por Nabucodonosor, ou à insuficiência de escavações no próprio sítio atribuído à localização do Templo. Esse lugar (santificado por diversas linhas religiosas) seria o hoje ocupado pela belíssima e muito sagrada Mesquita de Omar, ou o Domo da Rocha, onde Abraão, obediente a Deus, quase sacrifica seu próprio filho, Isaac (Gen. 22.1-19) – onde, de modo significativo, a tradição islâmica localiza Maomé subindo ao Céu (portanto mais do que justificada a recusa maometana em permitir escavações naquele local santificado). Contudo, não são encontrados, também, registos arqueológicos (monumentos comemorativos) da vitória de Nabucodonosor, como, por exemplo, podem ser encontrados registos do triunfo romano de Tito, seiscentos anos depois, destruindo o templo construído por Herodes (a terceira construção na série histórica).

Alúde-se ao célebre “muro das lamentações” como tendo sido parte da grande alvenaria de arrimo na esplanada do Templo. Contudo as determinações científicas de data, dali oriundas, dão ao muro idade próxima à década anterior ao nascimento de Cristo, tornando-a uma obra mais adequada de ser atribuída ao terceiro templo, destruído pelos romanos.

Contudo Salomão foi efectivamente um grande construtor. A sua época – historicamente considerada, arqueologicamente comprovada – foi de grande prosperidade. Um dos registos arqueológicos mais significativos dessa época, é o da cidade de Megido, um complexo notável, cavalariças com pilares em série, talhados em pedra calcária. Do tempo de Salomão, há ainda restos arqueológicos da fundição – refinaria de cobre em Ezion-Geber, produtora da matéria-prima que serviria de ornamentos e utensílios de bronze (que as narrativas bíblicas apontam ao Templo). Do mesmo modo, mesmo sem descobrimentos arqueológicos em Jerusalém, pelo resultado de outras escavações e estudo de documentos diversos (detalhes e documentação em Alex Horne, op. cit., Cap. IV, p. 37 e sgs.) é possível estabelecer conclusões quanto à arquitectura atribuída ao Templo de Salomão, no que se refere à ornamentação, disposição das dependências, técnica construtiva, comparando a tradição bíblica com restos arqueológicos de outros templos do Oriente próximo. São lições preciosas.

Conclusão

Enfim, o maçom é mestre na arte de compor oposições e não desprezará o repositório inesgotável de ensinamentos velados por alegorias que nos proporciona a história (ou a lenda) da construção do Templo do Rei Salomão. Não desprezará a tradição dos maçons operários, só porque a Arqueologia ainda não obteve provas irrefutáveis;  não se negará a tradição bíblica somente por insuficiência de escavações arqueológicas.

Jules Boucher, célebre obra “A Simbólica Maçónica” (trad. de Frederico O. Pessoa de Barros, Ed. Pensamento, S. Paulo, 9a. ed., 1993, p. 152): os maçons não tentam reconstruir materialmente o Templo de Salomão; é um símbolo, nada mais – é o ideal jamais terminado, onde cada maçom é uma pedra, preparada sem machado nem martelo no silêncio da meditação. Para elevar-se, é necessário que o obreiro suba por uma escada em caracol, símbolo inequívoco da reflexão. Tem por materiais construtivos a pedra (estabilidade), a madeira do cedro (vitalidade) e o ouro (espiritualidade). Para o maçom, ensina Boucher, “o Templo de Salomão não é considerado nem em sua realidade histórica, nem em sua acepção religiosa judaica, mas apenas no seu significado esotérico, tão profundo e tão belo“.

O Templo de Salomão é o templo da paz. Que a Paz do Senhor permaneça nos nossos corações!

Adaptado de Autor desconhecido por Rui Bandeira


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A importância da Maçonaria para a Família

18/04/2019, Nenhum comentário

Desde os primórdios do mundo quando as pessoas se organizavam em grupos biológicos, até os dias actuais onde o individualismo impera nas sociedades em que vivemos, o conceito de família, as suas influências e impactos na sociedade modificaram-se bastante.

Até há pouco tempo atrás os papéis desempenhados pelos membros de uma família eram claramente delineados e perceptíveis: à mãe cabia a vida e a alimentação, ao pai o sustento e educação e aos irmãos a divisão fraterna do que se adquirisse.

E com este modelo de família, através dos tempos, a sociedade desenvolveu-se. Era o bastante para dar o conforto e o aconchego necessários ao crescimento dos filhos e direccioná-los para a vida de acordo com a visão de mundo do grupo familiar. O suficiente para aprender e transmitir valores como amizade, fraternidade e amor.

Apesar de toda esta formação, o mundo também mudou, e muito. As exigências modernas mudaram o foco da família para além dela. Hoje, numa sociedade competitiva como a nossa, o individualismo e a concorrência dominam tudo, fazendo com que os membros da família tenham de se adequar aos valores e elementos da sociedade em que vivem, como regra de sobrevivência, muitas vezes contrariando os seus próprios valores.

Aliem-se a isto as novas formatações de família: pais desconhecidos ou ausentes, mães que necessitam também de buscar o mercado de trabalho, filhos educados por terceiros, famílias desestruturadas por vícios diversos, e teremos então o verdadeiro retrato da sociedade actual: uma sociedade onde a família, no seu conceito estrito, está a dissolver-se, formada que está por personalidades temerosas e a falta de amor e de fraternidade impera.

Neste contexto é que a Maçonaria tem um papel importante na formação e principalmente na conservação dos laços familiares. Os seus sólidos valores contribuem fortemente para o fortalecimento dos valores da família.

Mas talvez a maior contribuição da Maçonaria à família seja a forma como os seus integrantes são escolhidos nesta sociedade. Todos têm compromisso de se ajudarem uns aos outros, e o que é isto senão uma família? A Maçonaria acolhe, propicia a reflexão de temas capazes de modificar comportamentos e ampliar horizontes. Ao cultivar nas suas reuniões o dever de serem homens bons e melhores, bem como o aperfeiçoamento intelectual e das virtudes dos seus integrantes, também transfere para o Maçon, no papel de pai, essas mesmas qualidades. Antes de buscar o aperfeiçoamento da sociedade o Maçon busca o seu próprio aperfeiçoamento como homem, em todos os seus papéis.

A Maçonaria propicia assim uma evolução moral e intelectual dos seus integrantes, prestando culto a um ser criador, o Grande Arquitecto do Universo, independente de ideologia religiosa. Faz desta liberdade de escolha religiosa uma característica singular da sua sociedade, uma vez que agrupa ideários sem agrupar correntes, transferindo assim, para a família, a ideia de respeito e liberdade.

De uma certa forma, a Maçonaria dá aos Maçons os instrumentos necessários para que sejam bons pais, bons homens e bons cidadãos.

Além disto, a Maçonaria incentiva e cultiva a prática constante da beneficência, buscando uma sociedade mais humana e justa, e propiciando à família do Maçon a oportunidade de participar nestes projectos humanitários, desenvolvendo valores como amor ao próximo e afeição fraternal, reconhecendo em todos novos Irmãos.

Neste sentido o apoio dos Maçons às acções de iniciativa da família também é primordial para a consolidação desses valores e inserção de todos os membros numa só sociedade. Exemplos disto são as acções sociais e de filantropia que são desenvolvidas pelas Fraternidades Femininas, formadas pelas esposas dos Maçons, pelas “Filhas de Jó” [1] e pelos “DeMolays” [2], formadas por filhas e filhos dos Maçons, respectivamente. É a família que se une em torno de exemplos e boas acções, buscando melhorar as condições de vida dos nossos Irmãos.

E, como tudo na vida, é dando que se recebe. E é também com a prática diária da fraternidade que recebemos os inputs de amor, carinho, reconhecimento e respeito, que nos direccionam para novas acções.

As acções individuais, com certeza que acodem a alguém em algum lugar. Mas ninguém está sozinho. Assim, a sociedade dos Maçons, amparada pelas suas famílias, faz muito mais, por muito mais gente. Assim é, também, que a Maçonaria contribui muito para o fortalecimento da família, e a família, por sua vez, dá a solidez necessária ao caminhar dos Maçons. A via é sempre de duplo sentido, num “bate e volta” que só amplia os horizontes e possibilidades daqueles que viajam pela vida buscando a felicidade geral e a paz universal.

Adaptado de Silvânia Maria dos Santos R. Guimarães 

Bibliografia

  • Diversos sites disponíveis na internet Wikipédia
  • Revista Superinteressante    

Notas

[1] As Filhas de Jó Internacional, ou apenas Filhas de Jó é uma Ordem sem fins lucrativos, discreta e de princípios fraternais, filosóficos e filantrópicos, apoiada pela Maçonaria e destinada a jovens do sexo feminino entre 10 e 20 anos (incompletos), visando o aperfeiçoamento do carácter, por meio do desenvolvimento moral e espiritual encontrados nas Sagradas Escrituras, da lealdade para com a bandeira do seu país, do amor filial e do serviço à comunidade.

A Ordem baseia-se nos ensinamentos Bíblicos sobre a vida de Jó e a sua paciência perante os desafios e provações pelos quais teve de passar.

O nome desta Instituição para maçónica refere-se às três filhas de Jó: Kézia (fé), Jemima (pureza) e Keren-Happuck (triunfo da fé), que são citadas na Bíblia como as “mulheres mais justas de toda a Terra”.

[2] A Ordem DeMolay é uma sociedade discreta criada por Frank Sherman Land a partir de princípios filosóficos, fraternais, iniciáticos e filantrópicos, para jovens do sexo masculino com idade compreendida entre os 12 e os 21 anos incompletos. A Ordem DeMolay é a maior entidade juvenil do mundo. É uma organização para maçónica fundada nos Estados Unidos, em 24 de Março de 1919, pelo maçom Frank Sherman Land patrocinada e apoiada pela Maçonaria oficialmente desde 1919, que na maioria dos casos cede espaço para as reuniões dos Capítulos DeMolays e Priorados ou conventos da Ordem da Cavalaria – denominações das células da organização.


OS TEMPLÁRIOS E SUA RELAÇÃO COM A MAÇONARIA- uma perspectiva

31/03/2019, Nenhum comentário
Nestes dois últimos séculos, muito tem sido falado sobre a relação entre a Ordem dos Templários e a Maçonaria. Tanto é assim que alguns autores têm tentado mistificar, não sabemos com que intenção, alguns atores que participaram do cenário do Templo e bem assim, numerosas passagens históricas caindo em especulações de difícil credibilidade.
Agora, no entanto, não se quer dizer que o mito seja uma ferramenta ruim para sustentar ou analisar um fato histórico,como se pode inferir, e tem sido demonstrado que qualquer história escrita, basicamente, é uma forma de mito. O problema é está essencialmente no fato de que qualquer relato histórico se inclui e se retira elementos, de acordo com as necessidades, aspectos e transcendências do tempo em que foi criado e não da época a que se refere. Nestas condições podemos afirmar que é um equívoco; por conseguinte, falsifica forçosamente o que realmente aconteceu. Não se deve pensar, ademais, que queremos ditar um aula sobre a teoria e filosofia da história, pois não somos autoridade para isso, de repente isso é uma loucura nossa. Porém, essa não é a discussão, só para chamar um pouco da atenção se verdadeiramente os Templários tinham qualquer relação com a Maçonaria, apesar de se ter gastado rios de tinta sobre esse tema. No entanto, muitas pessoas, incluindo os maçons, estão se perguntando, de onde veio a maçonaria? Quem são os Cavaleiros Templários? Os Templários tem algo a ver com as Cruzadas? Os Templários foram os fundadores da Maçonaria? A maçonaria atual conserva símbolos Templários? Esta maçonaria tem graus dedicados aos Templários e aos Cruzados? Com certeza temos todas as perguntas necessárias para desvendar esse tema e, para respondê-las, temos que falar sobre as origens da Maçonaria e em seguida faremos uma análise suscinta sobre algumas variáveis históricas que temos considerado de certa relevância para alcançar o objetivo a que nos propomos neste ensaio, como o de demonstrar a relação existente entre os Cavaleiros Templários e a Franco Maçonaria.

O assunto sobre a origem da Maçonaria tem dado muito o que falar; se tem especulado com algumas lendas que carecem de suporte histórico, maçónico e científico. Tudo isto é possível por que desde o começo a tradição oral na Maçonaria tem servido como ferramenta defensora de seus inimigos; por tal motivo os antigos maçons procuravam não deixar nada escrito sobre os assuntos próprios da Instituição para evitar serem perseguidos e muitas vezes assassinados. Como nos expressamos no livro “Antigos Documentos da Maçonaria”, a tradição oral é muito importante na Maçonaria, até o ponto que todos os documentos escritos, e sobre tudo os rituais, impressos ou manuscritos, tão-somente podem ser considerados como “espaço-memória”. No entanto, a evolução do mundo em que a Ordem Maçónica está inserida tem chegado a tal extremo que as faculdades de memorização da generalidade dos maçons tem declinado muito, fazendo-se necessário recorrer a esses “espaços-ajuda”. De todo modo os citaremos com a finalidade de refletirmos e assim tratarmos das muitas dúvidas a respeito.

Pois bem, em várias oportunidades temos ouvido teorias idealistas, fantásticas e tão absurdas que provocam risos naqueles que pesquisam o tema. Dizem: “que nossa origem se remonta ao preciso instante da criação”, ou “que nossa Luz invadiu os paradisíacos locais onde um homem chamado Adão surgiu do nada no tempo”. Também sugerem: “que Deus, o Grande Arquiteto do Universo, fundou a Franco Maçonaria, e que esta teve por padroeiro Adão, os patriarcas, os reis e filósofos de outrora”, e os mais ousados incluem Jesus Cristo na lista como Grão-Mestre da Igreja Cristã. Tudo isso sem nenhum embasamento histórico ou proto-histórico. Igualmente pretendem sustentar as afirmações anteriores, assimilando-se à Maçonaria a construção da Arca de Noé, a Torre de Babel, as Pirâmides do Egito, ao Templo de Salomão, etc. Autores posteriores encontram a origem da Maçonaria nos mistérios egípcios, Dionísiacos, de Eleusis, Mitra, e Druidas; em seitas e escolas tais como a dos Pitagóricos, Essênios, Caldeus, do Zoroastrismo, e as do Agnosticismo, nas sociedades Evangélicas que precederam a Reforma; nas Ordens de Cavalaria (Hospitalários e Templários); entre os alquimistas, Rosacruzes, Cabalistas; em sociedades secretas da china e dos árabes. Se afirma, além disso, que Pitágoras fundou a Instituição Druídica e portanto que a Maçonaria provavelmente existia na Inglaterra 500 anos antes de nossa era.

Um grupo importante de historiadores, especialista na matéria, consideram seu início no Sufismo, escola mística e virtuosa do Islamismo, nascida na Pérsia (Século VIII de nossa era) como resultado da união das doutrinas islâmicas com as religiões da Índia, em especial o budismo, e a qual se incorporaram elementos cristãos e neoplatónicos. Outra corrente muito respeitável crê que os Templários são a ligação entre a Maçonaria, o Templo de Salomão e o Sufismo. Do mesmo modo há quem, sem depreciar essas teorias, pensam que encontraremos o nascimento da Maçonaria nos grémios dos construtores de catedrais e a forte influência que tiveram de uma equipe de sábios, pertencentes em certos casos, à Real Sociedade de Londres. Outros, ensaístas maçónicos, os mais ortodoxos, afirma que a verdadeira Maçonaria surge no século XVIII quando deixa de ser Operativa e se converte em Especulativa.

Estudiosos como Lacarrière, Leroy e Festugière afirma que o início da Maçonaria pode ser encontrada na seita dos “sabios”[1] que cultuavam os astros, principalmente ao sol e a lua. De acordo com eles, nesta linhagem semítica de origem babilônica, podemos observar uma sucessão de elementos que poderiam ser o suporte de uma possível Maçonaria. Por conseguinte, estes supostos fundadores da Maçonaria perecem sob a irrupção das cruzadas. Logo, seu trabalho passa ao Ocidente onde nascem Ordens como a dos Templários, que por sua vez, terminariam na Maçonaria. Em todo caso existem numerosas provas arqueológicas de que os Templários que mudaram para a Escócia tiveram contato com as primeiras Lojas Maçônicas.

Assim, por exemplo, na Capela dos Saint Clair de Rosslyn, os símbolos templários convivem com os Maçônicos. No entanto, não podemos comprovar qual foi a hipótese formidável da exata relação que os Templários tiveram com a Maçonaria. É muito factível que se vinculam com ela de uma maneira natural induzida, primeiro, pelo prazer que determinados cavaleiros tinham demonstrado ainda no Oriente sobre cosmovisões gnósticas e, segundo, pelo desejo de vingar-se do papado e da coroa francesa que haviam destruído sua Ordem. Nesse sentido, as mortes do Papa Clemente V e dos herdeiros ao trono francês tem sido interpretadas como assassinatos templários embora, indiscutivelmente, tais presunções não passem de uma teoria irreal.

A Ordem do Templo, que incorporara tanto o fator monástico com o militar na sua vocação espiritual, liderada inicialmente pelo francês Hugo de Payens, o flamengo Godofredo de Saint-Adhemar e mais sete cavaleiros, foi criada no calor da Primeira Cruzada pelos anos de 1118, em Jerusalém, com o objetivo de proteger os peregrinos que a visitavam. Por esta razão recebeu o apoio entusiasta de São Bernardo de Claraval. Igualmente o grupo havia jurado, ante o patriarca de Jerusalém, votos monacais de castidade, pobreza e obediência, e o rei de Jerusalém, Balduíno II, lhes concedeu quarteis nas mesquitas de Koubet al-Sakhara e Koube al-Aks, situadas sobre o solar do antigo Templo de Salomão. Por eles a Ordem se chamaria, com o tempo, “Ordem do Templo” e seus membros “Templários”.
A grande maioria dos historiadores concordam de que os nove cavaleiros fundadores da Ordem, participaram anos antes, a partir de 1095, da Primeira Cruzada a Terra Santa. Por tanto, esta Fraternidade está intimamente ligada às Cruzadas já que nasce como consequência da primeira e morre pouco depois que o último projeto de Cruzada se fizera inviável, no início do século XIV.

Os autores maçons Christoplher Knight e Robert Lomas pensam que durante o assédio a que foi submetida a Ordem do Templo a partir de 13 de outubro de 1307 por Felipe IV da França – para apoderar-se das riquezas dos Templários – com o beneplácido do Papa Clemente V, alguns de seus membros conseguiram escapar e instalaram-se em terras escocesas, levando parte dos tesouros e maniscritos que haviam encontrado sob os estábulos do Templo de Salomão. Logo se mudaram para a localidade de Rosslyn, não longe de Edimburgo, onde esperava outro Templário William Sinclair, neto de Henry Sinclair, um cruzado que havia visitado a Terra Santa muito antes de que se descobrissem essas relíquias. Ao que parece, William queria construir um templo cujas fundações seriam idênticas da do Templo de Salomão, com a intenção de ocultar nele as relíquias e manuscritos num lugar equivalente ao de sua procedência. O templo de Willian Sinclair, construído em 1447, é a Capela de Rosslyn e, segundo Marcus Allen, periodista e investigador desses assuntos, e distribuidor na Inglaterra da revista australiana “Nexus”, uma parte da Capela está fechada atualmente ao público com a desculpa de estar sendo submetida a “reformas” no sótao. Allem crê que estão buscando o esconderijo da Arca da Aliança.

Por outro lado é interessante assinalar que não cabe nenhuma dúvida que os exércitos dos Cruzados, conhecendo de fato que tinham que sitiar as cidades da Asia Menor que se encontravam em seu caminho até Jerusalém, levaram também todos os dispositivos humanos necessários, competentes na arte da construção de fortificações. Assim mesmo preocupados pelo misticismo religioso fanático que lhes conduzia, levaram homens expertos na construção de igrejas. Depois, ao regressar a Europa, trouxeram consigo muitos segredos da construção aprendidos dos arquitetos e construtores do Oriente.

Os chefes dos Grêmios de Construtores fizeram o possível para que tais segredos não fossem divulgados. Em consequência, os que ingressavam como membros da Fraternidade, juravam não revelar jamais os segredos do oficio que aprendiam, nem tampouco as fórmulas e sinais de reconhecimento da Sociedade.

Cada Loja tinha seus próprios regulamentos e, certamente, tinham muitos fatores comuns neles. No entanto, José Dotzinger, que havia sido reconhecido a época como o Grão-Mestre da Fraternidade dos maçons para a Alemanha livre – constituída só de Mestres, Companheiros e Aprendizes – organizou um congresso em 1459, em Ratisbona e ali foram unificados todos os Estatutos que regiam os destinos dos construtores.
Fosse como fosse, durante os séculos seguintes, essa vinculação de alguns templários com a Maçonaria se converteu em um ponto centra de sua história e de sua propaganda. Se insistiu que os Templários haviam tomado parte da cadeia de receptores de segredos ocultos existentes desde o início dos tempos - um fato mais que duvidoso - a que se deu o nome deu o nome de “Templárias” a algumas obediências Maçônicas como a Ordem dos Cavaleiros Templários Admitidad no seio da Grande Loja da Inglaterra e outras ordems Templário-Maçônicas na Escócia, Irlanda e Estados Unidos., Tampouco, devemos estranhar o fato de que tanto a Maçonaria como os Templários se apresentavam como inimigos declarados da Santa Sé. A relação, portanto, dos Cavaleiros Templários com a Maçonaria Escocesa do século XIV resulta inegável. Da mesma maneira se afirma que foram estas fraternidades de construtores chegadas ao Ocidente que deram origem à Maçonaria moderna

Trouxeram com eles a arte gótica cuja propagação foi financiada pelo Templo. Do mesmo modo a tradição templária havia incorporado também os ritos e a simbologia do Templo nas primeiras Lojas Maçônicas escocesas.~
Outra situação que chama muito a atenção é que na Escócia – no início do século XIV, se falava em guerra com a Inglaterra – as bulas pontifícias de supressão da Ordem jamais foram promulgadas, pelo que os Templários daquele país nunca se dissolveram oficialmente. Parecem existir provas de que o Templo escocês se manteve como um corpo coerentes durante mais quatro séculos. Inclusive, se diz que um forte contingente de templários lutou às ordens de Robert Bruce na Batalha de Bannockburn, em 1314. Precisamente é ao Rei Robert Bruce a quem se cita como fundador das primeiras Lojas Escocesas.

Podemos afirmar com segurança que as tradições templárias perduraram nesta região. Não é casual que a constituição da Maçonaria especulativa na Inglaterra se deve a dinastia escocesa dos Stuarts.

Na atualidade encontramos um templarísmo vigente nos graus maçônicos, já que entre os Graus 15 e 30, estão presentes muitas características relacionadas com os Cavaleiros Templários e o Templo de Salomão. Assim, por exemplo, temos que os graus dezesseis e dezessete se denominam respectivamente “Cavaleiros de Jerusalém” e “Cavaleiro do Oriente e Ocidente”; no grau 27 é o grau do “Grande Comendador do Templo”, que ressalta a autoridade suprema do Mestre sobre a Ordem Templária; e o grau 30, intitulado “Cavaleiro Kadosch” se refere a vingança do Templo contra a coroa francesa e o papado, responsáveis pelo desaparecimento da Ordem.
Já expressamos que alguns Cavaleiros Templários francesses se refugiaram na Escócia onde as Lojas Maçônicas lhes brindaram com hospitalidade e, em agradecimento a esse fato, aqueles maçons foram iniciados nas doutrinas secretas de sua Ordem e criaram um grau Maçônico com as características do Cavaleiro Templário. Desta forma os Maçons se constituíram em seus sucessores e continuadores de suas práticas e ritos. Logo, um Cavaleiro Kadosch era naquele momento histórico um vingador do assassinato de Jacques De Molay, último Grão-Mestre da Ordem do Templo que foi preso durante cinco anos e meio, período em que foi submetido aos sofrimentos e indignidades mais extremas com o propósito de se obter dele, pela força, a confissão do delito de sua Ordem, No entanto, foi firme e leal, e em 11 de março de 1314, o conduziram a frente da Catedral de Nossa Senhora, em Paris, onde foi queimado publicamente. Por trás desta crueldade estavam as obscuras personagens: Felipe IV, o Belo, rei da França e o papa francês Bertrand de Goth, Clemente V.
No ano de 1305, Felipe IV logrou que a eleição papal recaísse em um de seus partidários que se converteu no papa Clemente V e ao qual obrigou residir na França. Deste modo teve inicio o chamado “Cativeiro da Babilônia” do papado (1309-1377), durante o qual os papas viveram em Aviñon, submetidos ao controle da monarquia francesa.

Felipe IV deteve, em 1307, o Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários, Jacques de Molay, e no ano de 1312 obrigou o Papa Clemente V a suprimir esta Ordem Religiosa e Militar cujas riquezas foram confiscadas e muitos de seus membros foram queimados na fogueira.

Felizmente, a prudência e o bom senso, fizeram que este grau fosse modificado substancialmente e a partir de 1797, o Cavaleiro Kadosh interpreta esta lenda de maneira simbólica e com um caráter eminentemente filosófico, não é o terrível vigador das vítimas da Ordem do Templo, é o homem ilustrado, íntegro, justo e bom, que serve a pátria e acata suas leis.

Outro aspecto que valioso que devemos recordar é quando Jerusalém foi tomada e destruída pelos exércitos do imperador romano Tito Flávio Vespasiano no ano 70 (E.´.V.´.), expulsando da cidade aos pacíficos Kadosch, que como sábios só se ocupavam do aperfeiçoamento moral do ser humano.
Muitos anos depois, os valentes militares do duque da Baixa Lorena (França), Godofredo de Bouillon, chefe da primeira Cruzada contra os sarracenos, recobrou Jerusalém, convertendo-se assim no primeiro rei desta cidade em 1099.
Logo após terem ocupado o Templo de Jerusalém os Kadosch foram mais uma vez expulsos, documentos importantes foram perdidos, onde constava a história da Maçonaria e sua ocupação no campo científico. Esse fato fez com que os sábios se dispersassem por toda a terra para continuar suas investigações e outros foram escolhidos para esconder e proteger no Ocidente o que restou do grande arquivo, tomando o nome de Príncipes do Segredo Real ou do Real Segredo, equivalente ao Grau 32, do Rito Escocês Antigo e Aceito, o sexto e último de sua classe, e o segundo dos Graus Sublimes (Maçonaria Branca ou Graus Administrativos).

Como podemos ver, a criação dos Sublimes e Inefáveis graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, teve lugar pouco depois do término da primeira cruzada, estabelecendo-se simultaneamente na Escócia, França e Prússia; porém, por circunstâncias que não são conhecidas, estes cairam muio rapidamente em desuso e permaneceram esquecidos durante muitos anos, ou seja de 1648 até 1744. No entanto, semelhante afirmação não tem podido ser demonstrada nem apoiada por nenhum documento autêntico e confiável que mereça o menor crédito. Estamos de acordo, em reconhecer que a introdução da Maçonaria Templária teve lugar na França no ano de 1727, através do nobre francês Barão Ramsay. Portanto, com as reflexões históricas feitas até aqui, fica demonstrado que houve sim uma relação entre a Ordem dos Templários e a Maçonaria.
NOTAS
[1] Morales, Charris Mario. ANTIGUOS DOCUMENTOS DE LA MASONERÍA –manuscritos antes de 1717–. Editor, Gran Logia del Norte de Colombia. Imprenta, Cencys 21. B/quilla., Colombia. Marzo de 2004. P. 9. [2] Citados por Blashke, Jorge y Río, Santiago. LA VERDADERA HISTORIA DE LOS MASONES. Editorial Planeta, S. A. Primera edición. Barcelona, España. Enero de 2006. P.40. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Abrines, Lorenzo Frau. DICCIONARIO ENCICLOPÉDICO DE LA MASONERÍA. Editorial del Valle de México, S. A. Tomo III. México. 18 de septiembre de 1981. 

2. Baigent, Michael y Leigh Richard. MASONES Y TEMPLARIOS –sus vínculos ocultos–. Ediciones Martínez Roca, S. A. Madrid, España. Abril de 2005. 
Blashke, Jorge y Río, Santiago. 

3 LA VERDADERA HISTORIA DE LOS MASONES. Editorial Planeta, S. A. Primera edición. Barcelona, España. Enero de 2006. 


Origens da Maçonaria

26/03/2019, Nenhum comentário
A origem da Maçonaria antiga está envolta na névoa dos tempos, das
lendas e dos mitos. Alguns fazem mergulhar as suas raízes aos mistérios
persas ou dos magos, dos Brâmanes (5.000 anos), dos egípcios (Isis e
Osíris — 3.000 anos), dos gregos (Cabyres, Ceres e Elêusis — 2.000 anos),
dos judeus (especialmente dos Essénios e de Salomão), dos romanos
(culto de Mitra) dos Galo‑Celtas
(Druidas) e mais modernamente, à Ordem
dos Templários, fundada em 1117.
Todos estes mistérios destinavam‑se
a reservar a certas elites os segredos
da religião, da astronomia, da filosofia, das artes e das ciências
primitivas, como a alquimia. Só eram revelados pela iniciação dos escolhidos,
através de uma linguagem figurada e simbólica, que deu origem
a diversos rituais de que ainda há vestígios na Ordem Maçónica. Cristo
teria sido iniciado, e a sua doutrina seria a revelação dos mistérios Essénios.

Há também quem, embora admitindo a influência do hermetismo antigo,

entenda que a Maçonaria nasceu com a construção do Templo de

Salomão (Séc. X a.C.), ele próprio iniciado nos mistérios de Elêusis, e

está ligada ao mito bíblico de Hiram, ou Hiram Abiff, o seu arquiteto.

O Templo, símbolo da Tolerância, demorou sete anos a construir e

empregou cerca de 100.000 operários, incluindo 8.000 pedreiros. Como

era impossível conhecer tantos servidores, Hiram classificou‑os em três

graus ou categorias — aprendizes, companheiros e mestres — e deu‑lhes,

para os reconhecer e se reconhecerem entre si, palavras e toques conforme

o grau. Tais sinais, à exceção dos de mestre, que se perderam com a

sua morte, são os mesmos ainda hoje usados em todos os ritos da Maçonaria.

Quando o Templo estava quase concluído, três maus companheiros,

não tendo logrado alcançar a mestria e o respetivo salário, conjuraram‑se

para extorquir de Hiram os sinais de mestre. Esconderam‑se, cada um,

em uma das três portas do Templo, numa tarde em que o arquiteto, depois

da saída dos operários, inspecionava os trabalhos.

Quando Hiram saía pela porta do ocidente, o primeiro companheiro,

armado com uma régua, impediu‑lhe

a passagem, pedindo‑lhe a palavra

sagrada e o sinal do grau. O Arquiteto recusou e o traidor desferiu‑lhe

uma paulada, que o atingiu no ombro. Hiram fugiu para a porta do norte,

onde estava o segundo companheiro que agiu da mesma forma e, perante

igual recusa, lhe vibrou uma pancada com o esquadro. Hiram tentou então

escapar‑se pela porta do oriente, mas foi interpelado pelo terceiro companheiro

que, tendo feito a mesma exigência e recebido idêntica recusa o

agrediu violentamente na fronte com um maço, provocando‑lhe

a morte.

Os assassinos transportaram a vítima para fora da cidade e enterraram‑no

em local assinalado com um ramo de acácia. Ali foi encontrado, mais

tarde, pelos outros mestres. Segundo a lenda, estes haviam combinado

que o primeiro sinal que fizessem e as primeiras palavras que proferissem

ao descobrirem o cadáver, ficassem para sempre como o sinal e a palavra

sagrada de mestre. Quiseram, assim, acautelar a eventualidade de os

sinais correspondentes ao grau terem sido descobertos pelos assassinos.

Tais palavras e sinais, que apenas são revelados quando um companheiro

ascende ao grau de mestre, ainda hoje são utilizados. Também os

graus estabelecidos por Hiram constituem, tantos séculos volvidos, os

três primeiros graus da Maçonaria. Aliás, a reconstituição da lenda faz

parte essencial do rito de elevação à condição de mestre maçon.

O assassínio de Hiram interrompeu os trabalhos e o Templo de Jerusalém

ficou por concluir, sendo mais tarde destruído pelos caldeus e pelos romanos.

Os maçons procuram desde então a palavra de Mestre, a fim de o poderem

reconstruir. Esta palavra perdida é a essência do segredo maçónico.

A sua descoberta permitirá a ressurreição simbólica do arquiteto e a construção

do novo «Templo», símbolo da fraternidade universal.

Estas lendas e mitos não têm confirmação histórica, salvo a existência

de Hiram, que vem referido na Bíblia (Primeiro Livro dos Reis, Vll‑13‑14).

Porém, as lendas e os mitos não são mais do que alegorias de uma realidade

perdida. E, sem dúvida que a Maçonaria, como ideal de transformação

do mundo e de conhecimento da origem e destino do homem, é tão antiga

como a Humanidade. A sobrevivência, nos seus rituais, de símbolos e signos

milenários é a prova de que guarda, nos seus escaninhos secretos, a

essência da sabedoria remota.


António Arnaud


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A Maçonaria em Portugal ( 2ª. parte)

17/03/2019, Nenhum comentário

A MAÇONARIA: PRINCÍPIOS E VALORES FUNDAMENTAIS

 

Princípios gerais

Maçonaria ou Franco‑Maconaria

(de maçon, pedreiro), significa, literalmente,

pedreiro‑livre,

podendo traduzir‑se,

modernamente, por livre‑pensador.

A palavra freemason surgiu pela primeira vez na Inglaterra em 1376, embora

o mais antigo regulamento maçónico date de 1390. Antes desta data

são praticamente inexistentes documentos sobre a Maçonaria, porque, não

obstante as suas origens mergulharem na mais remota antiguidade, como

veremos, os seus ensinamentos, segredos e rituais sempre foram transmitidos,

apenas, pela via iniciática e pela tradição oral.

Maçonaria significa, pois, construção. O maçon constrói o seu futuro

tornando‑se

um homem melhor. A Maçonaria constrói o futuro da Humanidade,

tornando‑a

mais justa e perfeita. Este objetivo está inscrito, como pedra

angular, nas Constituições maçónicas do mundo moderno. As primeiras

Constituições do Grande Oriente Lusitano (G.O.L.), de 1806 e de 1821,

não definiam a Maçonaria, mas a de 1836 estabeleceu, no art. 1.º que a

Ordem maçónica, «tem por objeto o exercício da beneficência, o estudo

da moral universal, das ciências, das artes, e a prática de todas as virtudes»

. Esta ideia‑programa

foi transposta, com ligeiras variantes, para as

Constituições de 1840 e de 1841, até que em 1878, sob o Grao‑Mestrado

do Conde de Paraty, a Maçonaria é considerada «uma associação de homens

livres, unidos pelos laços do amor fraternal», tendo «por prática as

virtudes morais e sociais, e por fim a ilustração da humanidade».

A Constituição, de 1926, define a Maçonaria como «uma instituição essencialmente

humanitarista, procurando realizar as melhores condições de

vida social». A Constituição em vigor, de 1990 (última revisão), define‑a

como «uma Ordem universal, filosófica e progressiva, fundada na Tradição

iniciática, obedecendo aos princípios da Fraternidade e Tolerância e constituindo

uma aliança de homens livres e de bons costumes, de todas as

raças, nacionalidades e crenças». O seu escopo é o «aperfeiçoamento da

Humanidade através da elevação moral e espiritual do indivíduo».

Os grandes valores da Maçonaria estão sintetizados na sua divisa

universal: Liberdade, Igualdade, Fraternidade — Liberdade com ordem,

Igualdade com respeito e Fraternidade com justiça. A Maçonaria portuguesa

tem ainda por lema: Justiça, Verdade, Honra e Progresso.

A Maçonaria não é uma moral nem uma religião. Admite todas as

crenças e pratica a moral universal, que tem por base a primeira de todas

as virtudes: amar o próximo. A doutrina maçónica é a mais pura das

doutrinas, porque é livre de todas as limitações, escolas, teorias ou preconceitos.

O livre‑pensamento

é o único caminho da procura da verdade

e não pode, por isso, sofrer qualquer entrave. O livre‑pensamento ou

livre‑exame, pressupõe a tolerância e o respeito pelas ideias dos outros.

É essa a segunda virtude cultivada pelos maçons. A crença numa sociedade

mais perfeita é a sua terceira virtude e a força aglutinadora que,

em todos os tempos e em todos os lugares, congregou os «homens livres

e de bons costumes» para a tarefa, sempre inacabada, de construir a

fraternidade universal.

É uma Ordem no duplo sentido: de instituição perpétua e de associação

de pessoas ligadas por determinados valores, que perseguem

determinados fins e que estão vinculadas a certas regras e regulamentos.

É iniciática, porque, como adiante veremos, só pode nela ingressar quem

se submeta à cerimónia da iniciação, verdadeiro batismo maçónico, que

significa, literalmente, começo, e simboliza a passagem das trevas à «luz».

É ritualista, porque as suas reuniões ou trabalhos, obedecem a determinados ritos — conjunto de

formas — que traduzem, simbolicamente, sínteses de sabedoria, remontando

aos tempos mais recuados.

É universal e fraterna, porque o seu fim último é a fraternidade universal,

ou seja, o estabelecimento de uma única família na face da terra, em que os homens sejam, como no seio da Ordem, verdadeiramente

irmãos, sem qualquer distinção de raça, sexo, religião, ideologia e condição

social. O seu pendor internacionalista não afeta a realidade da

Pátria e da Nação. Como escreveu Fernando Pessoa, «a Nação é a escola

presente para a Super‑Nação futura». Amar a Pátria e a Humanidade

é outro dos deveres dos maçons. No final das reuniões é sempre dada a

palavra a quem dela queira usar «a bem da Pátria e da Humanidade».

É filosófica, porque, ultrapassada a fase operativa (corporações de

arquitetos e construtores medievais), transformou‑se,

a partir dos alvores do séc. XVIII, numa associação de caráter especulativo, procurando responder às mais profundas interrogações do homem. Conserva, contudo, o vocabulário, os utensílios e a simbologia dos construtores dos templos. Afinal, o fim último da Maçonaria é, como vimos, a construção de um homem novo e de uma sociedade nova. Por isso, todos os seus ritos assentam na ideia de construção e são baseados na geometria, amais nobre das artes, porque só ela permite compreender a medida de todas as coisas. Assim se justifica que a régua, o esquadro e o compasso  continuem a ser instrumentos privilegiados do pensamento maçónico.

É progressista, porque visa o progresso da Humanidade, no pressuposto

de que é possível um homem melhor numa sociedade melhor. Encurtar

as desigualdades e reduzir as injustiças sociais é um dos seus objetivos,

através da elevação moral e espiritual do indivíduo. Porém, a Maçonaria

não é uma instituição política e, muito menos, partidária. Está acima de

todos os partidos e fações, coexistindo nela pessoas das mais diversas

sensibilidades, crenças e ideologias. A política que pratica é a política no

verdadeiro sentido da palavra: a «polis», como forma de servir a sociedade.

A Maçonaria é, assim, um espaço de diálogo e de tolerância. A sua influência

no mundo profano não se exerce diretamente, pois não estabelece diretivas nem impõe qualquer tipo de intervenção concreta, mas apenas

indiretamente, através do exemplo, da pedagogia e da influência individual

dos seus membros nos locais onde exercem a sua atividade: no emprego,

nos partidos, nas organizações cívicas e sociais. Na linguagem simbólica

que utiliza, o seu propósito é transformar a «pedra bruta» na «pedra cúbica»,

a fim de «construir o templo», ou seja, fazer com que o indivíduo, egoísta

e isolado, se transforme num ser social e fraterno, cidadão de pleno direito e parte inteira, irmão de todos os homens e mulheres.

É livre‑pensadora,

porque não aceita dogmas, pratica a tolerância e

respeita a liberdade absoluta de consciência. O maçon tem o direito de

examinar e de criticar todas as opiniões e de discutir todos os problemas,

sem quaisquer peias ou limitações. A Maçonaria é antidogmática, tanto no

aspeto político, como religioso ou filosófico. A política e a religião pertencem

ao foro íntimo de cada um e não podem ser discutidas, salvo nos

termos genéricos acima referidos, para não abalar a união do povo maçónico,

pois, como se disse, a instituição congrega pessoas de todas as

crenças ou sem crença nenhuma, e de todas as ideologias não totalitárias.

Assim, é rotundamente falsa a acusação que vem dos tempos do «Santo

Oficio» e que foi retomada pela ditadura deposta em 25 de Abril de 1974

de que o maçon, ou pedreiro livre, é contra a religião. Muitos e ilustres

membros da Ordem foram e são crentes e, até, bispos e cardeais. E destes,

alguns ocuparam a cadeira de S. Pedro.

A Maçonaria aceita, aliás, a existência de um princípio superior, simbolizado

no «Supremo Arquiteto do Universo», que não tem definição e

que cada um interpreta segundo a sua sensibilidade ou convicções. Para

uns será o Deus em que acredita, para outros o Sol, fonte da vida, a

própria natureza, a lei moral ou ainda a resultante de todas as forças que

atuam no universo. Esta ideia implica o respeito por todas as religiões,

pois todas são igualmente verdadeiras, sem prejuízo do necessário combate

ao fanatismo e à superstição.

Segundo as Constituições de Anderson, frade escocês do séc. XVIII, a

Magna Carta da Maçonaria moderna, o maçon é obrigado a obedecer à

lei moral, mas «nunca será um ateu estúpido, nem um libertino irreligioso

». Nos tempos remotos e medievais, o maçon era obrigado a perfilhar

a religião do seu país. Mas depois do Iluminismo e das reformas modernas,

considerou‑se mais adequado, como, aliás, se reconhece nas

referidas constituições, apenas lhe impor a religião sobre a qual todos

estão de acordo, e que consiste em amar o próximo, fazer o bem e ser

homem bom, de honra e probidade. Deste modo, a Maçonaria é uma casa

de união entre ateus, agnósticos e pessoas dos mais diversos credos, que

não se discutem por pertencerem à zona inviolável da consciência de

cada um. É este o sentido de divisa maçónica: Deus meumque jus.

Deve, porém, dizer‑se que a Maçonaria dita regular, tradicional ou de via

sagrada, por oposição ao ramo liberal ou laico, impõe, como veremos adiante, a crença em Deus e na imortalidade da alma, excluindo também as mulheres.

Este facto viola, em nosso entender, o princípio maçónico e constitucional

da igualdade (art. 13.º da Constituição da República Portuguesa).

Ao manter velhas regras de 300 anos (landmarks), apesar de apenas

em 1817 terem sido reduzidas a escrito, e que teima em não adequar aos

valores etico‑humanistas do nosso tempo, o ramo tradicional ou anglo‑

saxónico exclui da dignidade maçónica três quartos da Humanidade (…).


António Arnaud

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A Maçonaria em Portugal ( 1ª. parte )

13/03/2019, Nenhum comentário

A Maçonaria é uma Ordem universal, progressista, filosófica e filantrópica.

Está aberta a todas as pessoas, de quaisquer credos, ideologias, raças e

misteres, que se identifiquem com os seus objetivos. Foram e são seus membros,

reis e presidentes da República, intelectuais, artistas e operários, aristocratas,

cientistas e plebeus, militares e ministros do culto.

A Maçonaria sempre esteve na vanguarda dos movimentos de libertação

do homem, inspirando as mais belas páginas da História: as proclamações

dos Direitos Humanos e da criança, a abolição da escravatura e da pena

de morte, a luta anticolonialista, o sufragismo universal, a igualdade de

raças e de sexos. Em Portugal fundou o Sinédrio, combateu ao lado do

Grao‑‑Mestre D. Pedro IV contra o absolutismo, do maçon Machado Santos,

fundador da República, e dos Capitães de Abril na restauração da

democracia. Os primeiros presidentes dos Governos Provisórios emergentes

das Revoluções de 5 de Outubro de 1910 e de 25 de Abril de 1974 foram

os maçons Teófilo Braga e Adelino da Palma Carlos.

Desde o seu advento no nosso país esteve sempre representada nos mais

altos cargos do Estado e da administração. Promoveu as leis do divórcio,

do registo civil e da instrução primária obrigatória. Ajudou a redigir as

Constituições liberais e republicanas. Inspirou a criação de centenas de

instituições culturais, científicas e de solidariedade de que se destacam

o Teatro Nacional, os Rotários, o Montepio Geral, a Voz do Operário, a

Universidade Popular, os jardins‑Escolas João de Deus, os Asilos de S. João

de Lisboa e do Porto, e a Academia das Ciências de Lisboa, a quem deu

o primeiro presidente, o Duque de Lafões.

Foi perseguida e caluniada. Os comunistas acusaram‑na

de reacionária e aliada dos grandes interesses financeiros. Os fascistas apodaram‑na

de plutocrática e ligada ao comunismo e judaísmo internacionais. A Igreja

crismou‑a de «herética pravidade», ao serviço do demónio...

No entanto, a Maçonaria é apenas uma associação fraternal de pessoas

livres e honradas ou, no dizer do rei Frederico II da Prússia (Séc.XVIII), de «homens tranquilos, virtuosos e respeitáveis», que procuram a verdade, lutam pela justiça e querem tornar‑se melhores para, assim, participarem na edificação de uma sociedade mais justa. Não discute política nem religião, pratica o livre‑pensamento e a tolerância.

Diremos, porém, desde já, que o objetivo essencial da Maçonaria é o

aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros e a defesa da moral

universal. Esta função escapa aos partidos e a outras organizações, e é

assaz relevante numa sociedade cada vez mais desumanizada e mercenária,

que perdeu quase todas as referências etico‑culturais e erigiu o dinheiro

como valor supremo. Por outro lado, os partidos são, em geral, simples máquinas

de conquista do poder; praticamente despojados dos seus princípios

programáticos por um carreirismo desenfreado e tentacular, que ameaça

subverter o ideal democrático, ele próprio uma conquista da Maçonaria.

Ora, pertencendo ou simpatizando os maçons com as várias correntes

partidárias, poderão aí, mais frutuosa e consistentemente, pugnar pela

efetivação das reformas necessárias à construção da nova sociedade. De

facto, a Maçonaria não intervém, e não deve intervir, como tal, na vida

política. A sua influência manifesta‑se apenas indiretamente, através da

ação individual e do exemplo dos seus filiados. E sendo a Ordem Maçónica

um espaço de diálogo fraterno entre pessoas de todas as ideologias democráticas,

pode e deve continuar a desempenhar, por esta via, um papel importante no aperfeiçoamento das instituições, insuflando‑lhe os valores morais que são o ágio e timbre de um verdadeiro maçon.

(…)A Maçonaria é apenas uma Fraternidade que se julga depositária de valores ancestrais e que procura dar resposta às profundas inquietações que, desde os arcanos da História, palpitam no coração do homem.

 

 António Arnaud

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Mozart - A flauta mágica e a Maçonaria

08/03/2019, Nenhum comentário

Representada pela primeira vez no Theater auf der Wieden de Viena, a 30 de Setembro de 1791, a obra obteve um êxito imediato, perante a satisfação de Mozart, apesar de o músico escrever, a 7 – 8 de Outubro do mesmo ano: “Aquilo que me faz mais feliz é a aprovação silenciosa!”.

Decorria o ano de 1790 e a capital austríaca estava a atravessar um árduo período de desorientação sombria. A dura fase de adaptação imposta pela subida ao trono de Leopoldo II, sucessor do seu irmão José II, não era certamente facilitada, devido às preocupantes notícias procedentes da França, que naquela época estava submersa em plena revolução.

Naquele clima de incertezas e suspeitas, a maçonaria, em particular, que tanto despertara o interesse de Mozart, especialmente pelo espírito de fraternidade que promovia, caiu em desgraça. Por outro lado, o compositor também não estava a viver a época mais fácil da sua vida. A saúde dava-lhe continuamente razões para se preocupar, a sua situação financeira estava seriamente comprometida e o teatro da corte afastara Lorenzo da Ponte, grande amigo de Mozart e seu libretista mais valioso, da sua convivência.

Foi exactamente nesse momento que Emanuel Johann Schikaneder, empresário de um pequeno teatro popular situado nos arredores de Viena, o Freihaus Theather, propôs a Mozart a composição da música para um singspiel, a opereta alemã. Este género, bastante recente na época, estava directamente inspirado na Opéra comique francesa (muito apreciada em Viena desde 1752) e abrangia uma combinação heterogénea de diversos ingredientes que iam da ária italiana à romança francesa, passando pelos lieder alemães. A proposta de Schikaneder não podia deixar de suscitar o entusiasmo de Mozart que, dois anos antes, numa carta dirigida ao seu pai, afirmara ser “capaz de adaptar ou imitar qualquer género musical ou estilo de composição“. O compositor sentia também uma simpatia bastante especial por Schikaneder, autor do libreto e, sobretudo, extravagante personagem, admirador incondicional do teatro espectacular, excelente intérprete das obras de William Shakespeare e, na sua forma de viver, abertamente contrário a todas as convenções sociais.

As fontes literárias que influíram mais directamente na obra do libretista foram Sethus, o romance de J. Terrason (que contém abundantes referências aos ritos egípcios e às provas de iniciação), e a fábula Lulú, de Liebeskind, que se inseria no inesgotável filão da Zauberoper (ópera mágica), um género que ganhava cada vez mais popularidade nos teatros alemães, graças, sobretudo, aos fascinantes efeitos conseguidos pelas encenações na representação dos elementos mágicos.

Na verdade, o texto sofreu uma transformação profunda durante a fase de redacção. Essa transformação teve como resultado final um libreto de aspecto muito diferente do dos textos puramente fantásticos que durante aqueles anos estavam muitos em voga. Isso ficou a dever-se, sem qualquer dúvida, ao acréscimo de ritos de clara inspiração maçónica, que contribuíram bastante para enriquecer o significado íntimo da ópera.

No que diz respeito à música desta ópera, a grandeza e genialidade de Mozart reside por um lado, em ter sabido conferir, de uma maneira verdadeiramente magistral, uma grande unidade às diversas vertentes estilísticas típicas do Singspiel, elaborando novíssimos princípios formais e também de equilíbrio e por outro lado, em ter utilizado, com uma destreza que poderia ser considerada excepcional, o vasto panorama dos estilos como poderoso meio expressivo.

O êxito de A Flauta Mágica foi imediato e colossal. Basta mencionar que só no primeiro ano foram efectuadas algumas centenas de representações, e que o próprio Goethe declarou que aquela música era a única digna de acompanhar o seu Fausto. No entanto, Mozart saboreou muito pouco da aceitação unânime do público, já que morreu cerca de um mês depois da estreia.

A Flauta Mágica e a sua relação intensa com a Maçonaria

Quando surgiu o primeiro libreto impresso de A Flauta Mágica que deveria coincidir com a estreia da ópera, os leitores depararam-se com uma página de rosto executada pelo próprio gravador, Ignaz Alberti, um membro da Loja Maçónica de Mozart Zur gekrönten Hoffnung. Para os não-iniciados esta folha de papel poderia parecer então uma conhecida reprodução de uma escavação arqueológica no Egipto: à esquerda, a base de uma pirâmide com alguns símbolos (inclusive Ibis); no meio, uma série de arcos conduzindo a uma parede com nichos e um portal redondo, tudo isto inundado de luz. Do arco do meio vê-se pendurada uma corrente com uma estrela de cinco pontas.

À direita, um elaborado vaso rococó com estranhas figuras agachadas na base; no primeiro plano, uma colher de pedreiro, um par de compassos, uma ampulheta e fragmentos em ruínas. Muitas pessoas acreditavam estar a ver uma obscura visão oriental; algumas damas e cavalheiros da classe média, sem dúvida, pensaram no culto de Ísis e Osíris. Porém, alguns membros da plateia sabiam que aquele simbolismo se referia, numa série completa de inequívocas alusões, à Antiga e Venerável Ordem da Maçonaria. Estes homens (as Lojas maçónicas para mulheres só existiam na França), que ainda pertenciam à confraria (claudicante em 1791 e não mais a brilhante sociedade de elite de meados de 1780 como tinha sido em Viena na época em que Mozart e Haydn ingressaram na Maçonaria) deveriam estar a se perguntar se os seus segredos não teriam sido revelados. E caso, como geralmente acontece quando se folheia despreocupadamente um libreto, deparassem com a última página, teriam lido com considerável as seguintes palavras (que é o último parágrafo do último movimento da ópera):

Heil sey euch Geweithen! Ihr drängt durch die Nacht! Dank sey dir, Osíris und Isis, gebracht! Es siegte die Stärke, und krönet zum Lohn Die Schönheit und Weisheit mit ewiger Kron. (Salve sagradas criaturas que se impõem através da noite! Agradecimentos a vós, Osíris e Ísis, sejam apresentados! A força venceu, e como recompensa Apresenta a eterna coroa à beleza e à sabedoria.)

No ritual maçónico de São João, quase no final da reunião na Loja, estas mesmas palavras (Mozart tê-las-ia ouvido na versão alemã) eram proferidas: “Weisheit…Schönheit…Stärke”, formando também um triângulo central do trigésimo terceiro grau do chamado Ritual Maçónico Escocês – que poderia ser considerado um paralelo ou uma extensão da cerimónia de São João.

Sentindo-se desconfortavelmente preparados para algo um tanto relacionado com o ritual maçónico, diversos Irmãos naquela plateia de 1791 teriam ficado ainda mais chocados quando, no meio da Abertura, ouviram, após uma pausa na músicas, em continuação a um tempo muito lento (Adágio) em três-vezes-três acordes o ritmo que se descreve:

Parte do ritual maçónico é o emprego de bater rítmicos três vezes sucessivas. Esta é a parte central da cerimónia, sendo repetida diversas vezes – como o tema em A Flauta Mágica. Segundo Philippe A. Autexier, que editou um livro sobre Mozart e A Flauta Mágica, nas Lojas vienenses do Século XVIII, o ritual empregado nessa época de Mozart continha ritmos característicos para cada grau:

  • U – para o Aprendiz
  • U – – para o Companheiro
  • U U – para o Mestre

Portanto, os repetitivos acordes três-vezes-três referem-se ao Companheiro ou Segundo Grau. À medida que a ópera se desenrolava, os maçons da plateia deviam ficar estupefactos: um símbolo atrás do outro advinha da Confraria.

O número simbólico três domina toda a obra: três bemóis na clave principal (Mi bemol maior), três meninos, três senhoras. Tamino é obviamente apresentado como um “profano” (ou seja, um não maçon), em seguida como um neófito (observem sua conversa com o orador, I acto, Cena 15: o orador lhe pergunta: “Wo willst du kühner Fremdling, hin? Was suchst du hier im Heiligthum” (Onde queres ir, intrépido estrangeiro? Que procuras neste lugar sacro?), depois como um jovem maçon com o grau de Aprendiz e mais tarde, no segundo grau, como Companheiro (com o voto de jejum), e por fim o terceiro grau, Mestre (II Acto, Cena 21). A passagem simbólica da escuridão para a luz, parte integramte da cerimónia de São João, ocorre com um efeito brilhante na Flauta Mágica, sendo claramente indicada na ilustração do libreto de 1791. Porém Mozart e Schikaneder pretendiam mostrar mais do que a Maçonaria na cerimónia de São João, representando também os graus mais altos (os chamados Graus Escoceses).

Na cena 28 do II Acto a cortina abre-se, mostrando dois homens vestidos com armaduras negras e em seguida Tamino e Pamina. É o início das famosas provas de fogo e água, que nos conduzem a um outro mundo maçónico: o soberano Grau Rosa-Cruz, o décimo oitavo no “Rito Escocês Antigo e Aceito”.

O libreto original de 1791 observa discretamente que “eles (os homens armados) lêem para ele (Tamino) a escrita transparente que está gravada numa pirâmide”. Ao som das palavras “fogo, água, ar e terra” o tetragrama sagrado JHVH talvez aparecesse por ser a parte central deste Grau Rosa-Cruz. A 30ª cena no II Acto em que Monostatos, o criado africano, junto com a Rainha da Noite e seu cortejo, tentam invadir e destruir o templo de Sarastro é um simbolismo do 30º grau do Rito Escocês, o “Grau da Vingança”, enquanto que o final da ópera, II Acto, Cena 33, quando a escuridão (a Rainha da Noite) foi vencida e a luz (Sarastro, Tamino/Pamina, Papageno/Papagena) triunfa é representado pelo grau final (33º) do rito escocês – no triângulo cujo significado é “sabedoria, beleza e força” (Weisheit, Schönheit, Stärke), como no libreto. O lema do 33º é Ordo ab Chao (ordem advinda do caos) ou da escuridão para a luz. Para sublinhar a parte musical desta importante cena da Cruz Soberana com os homens armados, Mozart escolheu um tipo de prelúdio coral, empregando a antiga melodia luterana de 1524 “Ach Gott, von Himmel sieh darein” (ele tinha escrito estas palavras num contexto diverso como um estudo artístico para sua aluna Barbara Ployer ou no livro manuscrito de outra pessoa em 1784). A solenidade desta parte da ópera é assim diferente de qualquer experiência austríaca ou católica. É uma solenidade bíblica e com isso quero dizer, derivada da Bíblia. Ver Isaías 43:2:

Quando passares pelas águas eu estarei contigo: quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.

Caso se pretenda encarar todo este simbolismo numerológico com cepticismo, deve ser tido em conta que:

  • a introdução orquestral desta cena contém dezoito grupos de notas.
  • Sarastro, o Sumo Sacerdote (ou seja, Venerável Mestre da Loja) aparece pela primeira vez no I Acto, na cena 18.
  • No começo do II Acto, Sarastro e seus sacerdotes entram: em cena estão (como o libreto de 1791 faz questão de especificar) precisamente dezoito sacerdotes e dezoito cadeiras e a primeira parte do coro que eles cantam,
  • O Isis und Osiris, tem a duração de dezoito compassos.
  • Quando Papageno interroga a monstruosa velha, que se tornará Papagena, quantos anos tem, ela responde: Dezoito (provocando sempre hilariedade na plateia).
  • Quando os três meninos aparecem suspensos no palco numa máquina (o libreto de 1791 enfatiza) ela está “coberta de rosas” .
  • Porém abandonando esta fascinação hipnótica com o 18º (Rosa-Cruz) devemos lembrar que dezoito é formado por seis vezes três, e três na verdade é o número simbólico crucial e básico da ópera.

(Enquanto o Rito Escocês sempre fora uma organização de elite, o ritual mais comum de São João seria o mais familiar para os maçons vienenses que assistiram à primeira representação de A Flauta Mágica.) Num livrete publicado em Londres em 1725 intitulado “O grande mistério da Maçonaria revelado”, lemos o seguinte trecho:

Exame ao entrar na Loja:

  • P. – Quantas Jóias preciosas?
  • R. – Três; um prato quadrado, um Diamante e um Quadrado.
  • P. – Quantas luzes?
  • R. – Três; uma Leste à direita, Sul e Oeste.
  • P. – O que representam?
  • R. – As Três Pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo.
  • P. – Quantos degraus pertencem a um verdadeiro maçon?
  • R. – Três.
  • P. – Quantos Pontos particulares pertencem a um verdadeiro maçon?
  • R. – Três: Fraternidade, Fidelidade e Seriedade
  • P. – O que representam?
  • R. – Amor Fraternal, Lenitivo e Verdade entre todos os verdadeiros maçons; para o qual todos os maçons foram ordenados no Edifício da Torre de Babel e no Templo de Jerusalém.

Em 1723, outra publicação revelava:

Se um Mestre-maçon queres ser, observa bem a Regra dos Três…

Portanto, ao acabar de ouvir A Flauta Mágica o maçon frequentador do Freyhaustheatjer auf der Wieden se deu conta de ter escutado a primeira ópera maçónica. É evidente que o ritual propriamente dito não era apresentado em cena, mas havia suficientes indícios, exibidos de forma oblíqua e fortemente ilustrados por numerologia, para não deixar dúvidas sobre o seu conteúdo maçónico. E como foi isto possível? Na já citada publicação de 1725, lemos:

  • P. – Em nome de ….&c, você é um maçon? O que é um maçon?
  • R. – Um homem vindo de um homem, nascido de uma mulher, Irmão de um Rei.
  • P. – O que é um confrade?
  • R. – Um Companheiro de um Príncipe.
  • P. – Como saberei se você é um maçon?
  • R. – Através de Sinais, Provas e Normas da minha Iniciação.
  • P. – Qual é a Norma da sua Iniciação?
  • R. – Ouço e Escondo, sob a penalidade de ter a minha Garganta cortada, ou a minha Língua arrancada de minha Cabeça.

Deve ter havido, portanto, razões muito prementes para Mozart e Schikaneder terem rompido este juramento de silêncio, tendo sido sugerido há muito tempo (sugestão esta que foi reforçada por três médicos alemães num livro intitulado Mozarts Tod [ A Morte de Mozart ] publicado em 1791 onde eles usam o termo “assassinato ritual”) que os maçons mataram Mozart.

Existem simplesmente dois factos que tornam esta teoria – considerada muito plausível nos dias de hoje – não só improvável como inexequível. A primeira é que ninguém assassinou Schikaneder, que foi tão responsável quanto Mozart “ao trair os segredos maçónicos”. (Schikaneder tinha entrado para a Confraria em Regensburg, mas nunca se aliara à Loja de São João em Viena.) Schikaneder viveu até à “venerável” (para a época) idade de 61 anos e morreu em 1812; louco, é verdade, mas os maçons não podem ser responsáveis por isso uma vez que deixaram de existir oficialmente em 1795 e a morte de Schikaneder ocorreu dezassete anos mais tarde. O segundo facto é igualmente, senão mais, convincente: a própria Loja de Mozart Zur Gekrönten Hoffnung celebrou uma Loja das Tristezas para o compositor, imprimiu o discurso principal, assim também a cantata Maçónica (K-623) que Mozart havia escrito pouco antes de morrer. Portanto deve ter havido uma outra razão pela qual Mozart e Schikaneder tiveram permissão para escolher um tema de ópera que glorificava a Maçonaria. Trata-se de um ponto que muitos pesquisadores negligenciaram ou interpretaram mal, mas que pode ser solucionado após se examinar os arquivos maçónicos mantidos pela polícia austríaca durante aquele período.

A verdade é que a Maçonaria na Áustria estava em perigo iminente de extinção – como se pode verificar pelo encerramento voluntário, pelos maçons, das suas Lojas em 1794; enquanto que em 1795, um jovem e novo Imperador proibia todas as sociedades secretas, incluindo, é claro, a Maçonaria. O motivo para este repentino perigo em que os maçons se encontraram teria sido o pretenso envolvimento dos mesmos com a Revolução Francesa e o jacobinismo, e com um movimento semelhante na Áustria, que a polícia secreta – com razão, como foi comprovado mais tarde – suspeitava existir. Em Viena, enquanto A Flauta Mágica estava em cartaz, Leopoldo II observava com crescente apreensão o que acontecia em França e esta mesma apreensão tornou-se um medo quase paranóico nas mentes da polícia secreta e outros membros do governo austríaco.

Adaptado de Texto de Autor desconhecido


A Acácia na Maçonaria

28/02/2019, Nenhum comentário
A Acácia: planta símbolo por excelência da Maçonaria; representa a segurança, a clareza, e também a inocência ou pureza. A Acácia foi tida na antiguidade, entre os hebreus, como árvore sagrada e daí sua conservação como símbolo maçónico. Os antigos costumavam simbolizar a virtude e outras qualidades da alma com diversas plantas. A Acácia é inicialmente um símbolo da verdadeira Iniciação para uma nova vida, a ressurreição para uma vida futura.

NA LENDA DE H.’. A.’.

Ao cair da noite, o conduziram para o Monte Mória, onde o enterraram numa sepultura que cavaram e assinalaram com um ramo de Acácia. Quando, extenuados, os exploradores enviados pelo Rei Salomão chegaram ao ponto de encontro, seus semblantes desencorajados só expressaram a inutilidade de seus esforços. … Caindo literalmente de fadiga, (um)… Mestre tentava agarrar-se a um ramo de Acácia. Ora, para sua grande surpresa, o ramo soltou-se em sua mão, pois havia sido enterrado numa terra há pouco removida. Esse “ramo de Acácia” criou vida própria, cresceu e tornou-se o maior Símbolo do Grau de M.’. M.’..

Em outra versão, os M.’. M.’. que foram a procura do Mestre H.’. A.’. encontraram um monte de terra que parecia cobrir um cadáver, e terra recentemente removida; plantaram ali um ramo de Acácia para reconhecer o local. Conforme uma terceira versão, a Acácia teria brotado do corpo do Resp.’. M.’. morto, anunciando a ressurreição de Hiram.

Sendo a morte de H.’. A.’. uma lenda, resulta evidente que existam diferentes versões, mas o importante é que todas elas coincidem na sua sepultura surgir um ramo de Acácia.

NA ANTIGUIDADE

Em hebraico antigo o termo shittah é usado para Acácia sendo o plural shittin. Os povos antigos tiveram um respeito extremado pela acácia chegando a ser considerada um símbolo solar porque suas folhas se abrem com a luz do sol do amanhecer e fecham-se ao ocaso; sua flor imita o disco do sol. Entre os árabes, na antiga Numídia seu nome era Houza e acredita-se ser a origem de nossa palavra “Huzé”. Também é chamada como Hoshea, palavra sagrada usada num capítulo do R.’. E.’. A.’. e A.’.. O sentimento dos israelitas pela Acácia começa com Moisés, quando na construção dos elementos mais sagrados é utilizada a Acácia (Arca, Mesa, Altar) devido, principalmente, pelasr suas características de imputrescibilidade. Os Egípcios também a tinham como planta sagrada, mas Maomé ordenou que a destruíssem.

A Acácia é dedicada a Hermes – Mercúrio e seus ramos floridos relembram o celebre “Ramo Dourado”, dos antigos mistérios. Trata-se, efectivamente, da Acácia Mimosa, cujas flores se parecem pequenas bolas de ouro. É a planta de que fala a fábula de Osíris e o Rito Maçônico do Grau de Mestre. Essa planta teria florescido sobre o túmulo do deus, o iniciado, morto por Tifão e que era para fazer reconhece-lo.

NA BÍBLIA

Altar dos Holocaustos – “Farás o altar de madeira de Acácia. Seu comprimento será de cinco covados, sua largura de cinco covados e sua altura será de três covados”. (Êxodo, 27 – 1).

Arca da Aliança – farão uma arca de madeira de cetim (Acácia)… (Êxodo 25:10)

Mesa dos Pães Propiciais – farás uma mesa de madeira de cetim (Acácia)… (Êxodo 25:23)

Bete-Sita, no hebraico significa Lugar da Acácia, e no Atlas moderno aparece localizado no paralelo 32 e 30’ ao lado do rio Jordão.

A Bíblia é rica em alusões da madeira de Acácia dando para ela usos sagrados (a cruz do sacrifício de Jesus teria sido feita de Acácia) o que, por sua vez a converte em uma árvore sagrada. A Acácia é o Shittah ou Shittim no plural (Espinho em Hebreu), como o Pau de Cetim da Arca da Aliança (Êxodo, 35 e seus versículos).

A Acácia é considerada como árvore sagrada. Moisés, a pedido do Senhor, ordenou seu povo, enquanto descansava no deserto, ao pé do Sinai, usasse a Acácia – Pau de Cetim na fabricação do Tabernáculo e nos móveis nele usados – A Arca da Aliança, a Mesa dos Pães da Proposição, os Varais da Arca, os adornos, etc.

NA MAÇONARIA

Importante significado simbólico da Acácia foi dada por Albert Gallatin Mackey e Bernard E. Jones que ressaltam a Inocência e a iniciação; o grego akakia também é usado para definir qualidade moral, inocência ou pureza de vida. E do Maç.’., que já conhece a Acácia é esperado uma conduta pura e sem máculas.  Estima-se que em 1937 a Acácia nasce em nosso simbolismo junto com a Maçonaria especulativa, sendo a consciência da vida eterna. “Este galho verde no mistério da morte é o emblema do zelo ardente que o M.’.M.’. deve ter pela verdade e a justiça, no meio dos homens corruptos que se atraiçoam uns aos outros”.

Maçónicamente simboliza Inocência, Iniciação, Imortalidade da Alma (os 3 I.’.) e Incorruptibilidade, porém na lenda de Hiram simbolizou a Inveja, o fanatismo e a Ignorância. Incorruptibilidade, por isso, foram enterrados os membros de Osíris, num caixão de Acácia; Imortalidade, Ressurreição (renovação, metamorfose) de Osíris, Hiram e Jesus; Iniciação, pois a Imortalidade é o apanágio dos adeptos e Iniciados; Inocência, pois os espinhos representam aqueles que não se deixam tocar por mão impuras. Sendo da família da “mimosa” , como a planta “sensitiva”, fecha as folhas ao serem tocadas. Akakia (em grego) quer dizer sem maldade ou malícia. Quando O Maç.’. diz que a A.’. M.’. é C.’., significa que conhece a imortalidade da alma.

[topo]

Na história de Jacques Molay, também, surge a citação de que alguns Cavaleiros disfarçados que colocaram Ramos de Acácia sobre suas cinzas quando as mesmas foram levadas para o Monte de Heredom. Três dos quatros Evangelistas a mencionam em seu Evangelio, Mateus (27:29), Marcos (15:17) e João (19:2), ligando-a ao “coroamento de Jesus”.

Concluindo, quando o M.’. M.’. responde A.’. M.’. é C.’., significa: Levantei-me do túmulo e saí com vida. Sou eterno, consciente de meu ser como homem livre e regenerado; estou cultivando o desenvolvimento de todas as minhas dificuldades, procurando engrandecer, amar e socorrer meus irmãos que tiverem justas necessidades; estou procurando significar minha existência, fazendo feliz a humanidade; a vida presente é a preparação da futura. A felicidade eterna do homem começará quando ele tiver alcançado a mais profunda paz, que resulta da harmonia e do equilíbrio perfeito, com a Sublime Luz do G.’.A.’.D.’.U.’..

A Acácia á a árvore da vida. Suas flores cegam, suas sementes matam, as suas raízes curam. A semente é o veneno; a raiz o antídoto.

BIBLIOGRAFIA:

 BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçónica, 1996;~

CARVALHO, Assis, O Mestre Maçom

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O PRIMEIRO MAÇON

23/02/2019, Nenhum comentário
Segundo o Dr. Anderson, o primeiro homem a receber o título de maçon foi Seth, terceiro filho de Adão, que teria erguido uma cidade, a qual consagrou ao Grande Arquiteto do Universo. 
Essa cidade simboliza o trabalho maçónico de construção do edifício terrestre, no qual habitaria o Grande Arquitecto do Universo. O edifício terrestre aqui referido é a própria humanidade, que segundo a tradição bíblica, foi recomposta a partir dos descendentes de Noé. Seus filhos Sem, Cam e Jafet deram origem aos semitas (os povos do Oriente Médio) aos Camitas (povos da África) e aos jaféticos, também conhecidos como arianos.
Por isso é que os maçons operativos, antes da sua transformação  para o que veio a se chamar Maçonaria especulativa, costumavam chamar a si mesmos de Noaquitas, ou seja, descendentes de Noé. Em seus rituais eles adoptavam uma lenda segundo a qual os filhos de Noé, Sem, Cam e Jafet, após a morte do patriarca, desejosos de descobrir o segredo pelo qual seu pai se tornara tão poderoso perante o Grande Arquitecto do Universo, foram até a sua tumba e exumaram o seu cadáver. Vendo que o corpo estava quase decomposto, pegaram-no pelo dedo e viram que a carne se desprendia dos ossos. Depois levaram-no ombro contra ombro, cotovelo contra cotovelo, pé contra pé, peito com peito, face com face, mãos nas costas, e gritaram “Oh! Senhor meu Deus!" E depois de ver que ainda havia tutano nos ossos, concordaram que deviam dar ao corpo morto um nome de código. Essa lenda foi aproveitada no desenvolvimento do Drama de Hiram, que representa a passagem do Companheiro para Mestre.
 

 
Noé e seus filhos Sem, Cam e Jafét. Pinacoteca di Brera-Milano, Itália. Foto:  Enciclopédia Barsa.

Maçonaria e Fernando Pessoa

20/02/2019, Nenhum comentário
Embora não se tenha levantado, até o momento, uma prova conclusiva de que o poeta Fernando Pessoa era maçon, não há dúvida que ele era iniciado nos segredos da Arte Real. Pelo menos, em seus escritos, ele demonstra muito mais conhecimento do que a grande maioria dos maçons que já atingiram os últimos degraus da Escada de Jacó. 
Por prova conclusiva entendemos documentos escritos, tal como uma ata de sessão registrando sua iniciação. Todavia, vários outros documentos, como por exemplo, as publicações maçônicas, que ele recebia regularmente, mostram que ele, efectivamente, tinha ligações com a Maçonaria.

A Maçonaria de Fernando Pessoa é espiritualista por excelência. E não poderia ser de outra maneira dado o conteúdo dos seus escritos. Ele não via a Maçonaria como uma sociedade secreta, mas sim como uma sociedade iniciática. 
Há diferenças fundamentais entre os dois conceitos. Uma sociedade secreta não tem estatutos nem divulga seus objectivos ou o nome de seus membros. Vive nas sombras e suas actividades só são conhecidas de seus adeptos. A sociedade iniciática é, quando muito, seita, ou uma ordem que pratica uma doutrina. Ela inicia seus adeptos nessa doutrina, que não pode, por isso mesmo, ser secreta. 

Se o fosse, não poderia ser chamada de doutrina. O segredo, na Maçonaria, como próprio poeta diz, é circunstancial. Quer dizer, existem certas particularidades que não podem ser divulgadas a quem não pertencer à Ordem, ou mesmo dentro das diversas hierarquias de graus, a quem não pertencer ao mesmo grau. 
Mas isso era simples questão de circunstância e organização hierárquica. Na verdade, aquilo que as pessoas chamam de secreto na Maçonaria, que são os seus símbolos, palavras e toques são muito mais uma forma de linguagem do que propriamente uma fórmula discriminatória, ou de exclusão de pessoas estranhas ao meio, como é o caso das sociedades secretas.

Outra indicação da sua condição de maçon é a estreita amizade que ele manteve com o famoso mago e eminente maçon Aleister Crowley, o qual visitou Lisboa em 1930 para, segundo ele mesmo informou, estabelecer na capital portuguesa uma “delegação da Ordem, sob a autoridade de Dom Fernando Pessoa”. Que Ordem era essa ele não disse. Aleister Crowley era maçon e membro da famosa Golden Dawn, uma espécie de Loja Maçónica espiritualista fundada na Inglaterra em fins do século XIX pelo escritor Bullwer Litton, famoso pela narrativa dos Últimos Dias de Pompeia, livro que o notabilizou. Crowley fundou diversas Lojas Maçónicas, de diversos ritos. Foi um das maiores autoridades em Maçonaria, em toda a história da Ordem. 

Não temos dúvida que Fernando Pessoa era irmão. Tanto era que se envolveu em acirradas lutas em defesa da Maçonaria, quando o Estado Novo, implantado em Portugal em 1926, sob a direcção de Oliveira Salazar, iniciou um sistemático processo de perseguição contra a ordem maçónica em Portugal. Essa perseguição culminou com a lei 1901, de maio de 1935, que proibia a existência das chamadas “sociedades secretas”. Essa lei, que só foi revogada em 1974, quando o regime foi abolido, tinha um alvo bem claro: A Maçonaria. 
Fernando Pessoa insurgiu-se contra esse decreto escrevendo vários artigos em revistas da época, defendendo a Maçonaria, expressando sua opinião e conceitos a respeito da Ordem e da sua doutrina. Em razão disso, sua vida durante o regime Salazarista, não foi muito fácil. 
Para Pessoa a Maçonaria não era uma sociedade secreta, embora suas reuniões fossem fechadas e privativas dos iniciados. Quem diz que a Maçonaria não é uma religião só está certo em uma coisa, dizia Fernando Pessoa: ela não é religião confessional. Ela é uma religião iniciática. Qual a diferença? Ele mesmo explica: a diferença entre as seitas iniciáticas e as religiões institucionais é precisamente a iniciação e a forma de participação. Nas religiões institucionais o adepto participa, mas não aprende. Ele é cooptado, não pela razão, mas pela fé. Na Maçonaria não há uma fé, mas sim uma doutrina de carácter iniciático.

Para Fernando Pessoa havia duas classes de maçons: os esotéricos e os esotéricos. Os esotéricos, em sua opinião, os verdadeiros maçons, eram os espiritualistas, aqueles que viam a Ordem como sociedade de pensamento, onde se podia adquirir uma verdadeira consciência cósmica. Os exotéricos eram aqueles que viam a Maçonaria como um clube de cavalheiros, uma entidade sócio empresarial elitista e pseudo-filantrópica, mais interessada em política e vida comunal do que, propriamente, doutrina. 
Na sua opinião, a maioria dos maçons era do último tipo, isso é, esotéricos. Eram do tipo administrativo, pessoas que galgam até os últimos graus da Ordem sem entender absolutamente nada do que aprenderam lá. Isso significa que existe na Maçonaria uma grande quantidade de iniciados profanos, que por falta de uma sensibilidade para com a verdadeira natureza dos ensinamentos maçónicos, ou mesmo pela falta de interesse ou mera preguiça intelectual, jamais serão verdadeiros iniciados, ou maçons no verdadeiro sentido da palavra. São iniciados por fora, apenas formalmente, mas continuam profanos por dentro. 

Sua principal crítica era o fato de as Lojas terem se tornado instituições, que faziam sessões meramente administrativas. A maioria das Lojas, segundo o poeta, praticavam os rituais de uma forma vazia e puramente formal, sem levar o adepto a entender a riqueza espiritual contida nas lendas, nos ritos e nos símbolos utilizados no ensinamento maçónico. Por isso, dizia ele, cada grau deveria corresponder a um estado de vida, tendente a levar o iniciado a um novo patamar de consciência. Isso tudo se perdeu quando a Maçonaria institucionalizou seus ritos e se transformou numa organização administrativa. 
Salientava ainda, o poeta, que a Maçonaria é uma “Ordem de Vale”, isto é, uma Ordem que precisa da qualidade iniciática para se tornar uma “Ordem de Montanha.” Simbolicamente isso significa que a sua função é dirigir o adepto na busca da elevação espiritual. Foi isso que os hebreus fizeram, por exemplo, quando deixaram o Vale do Nilo e se dirigiram para o Monte Sinai sob o comando de Moisés. Os hebreus deixaram a religião formalista e meramente confessional do Egipto para buscar a iniciação na montanha. Assim, o Êxodo foi, na verdade, uma grande jornada iniciática. 

Daí ele entender, por exemplo, ser o Rito de Heredon, o mais representativo da Ordem maçónica. Isso porque Heredon é o centro supremo do mundo, o pólo místico da iniciação planetária, segundo a tradição Rosa-Cruz. De acordo com a lenda Rosa-Cruz, a montanha de Heredon está situada na Escócia, a 60 milhas de Edimburgo. 
Não precisamos dizer que concordamos com Fernando Pessoa. Em nosso entender a Maçonaria, enquanto instituição não deve se envolver com questões comunitárias nem se preocupar com a prática da filantropia. Isso deve ser uma preocupação do maçon como pessoa, mas não da Maçonaria como instituição. Uma Loja voltada mais para esses fins torna-se, como disse o poeta, uma unidade administrativa, fugindo da sua verdadeira finalidade, que no nosso entender, é evitar a desintegração cósmica do homem, desintegração essa provocada pelo individualismo e pela luta pela sobrevivência. Afinal, a busca dessa integração é a meta das doutrinas espiritualistas. 
Fernando Pessoa nasceu em Lisboa em 1888 e morreu na mesma cidade em 1935. Deixou para a comunidade maçónica um extraordinário legado doutrinário, muito pouco conhecido e por isso mesmo pouco explorado. Esperamos voltar ao assunto em breve para levar aos irmãos mais um pouco da sabedoria maçónica do grande poeta português. 

Jorge de Matos
(Do livro O Pensamento Maçónico de Fernando Pessoa)

Os textos de Fernando Pessoa a respeito da Maçonaria são os seguintes:

FERNANDO PESSOA E A MAÇONARIA
Uma Ordem iniciática é verdadeiramente uma Ordem só quando está em actividade — isto é, quando tem abertos os seus templos, ou o seu templo único, e realiza sessões e iniciações em ritual vivido [?]. Quando em dormência, ou vida latente e simplesmente transmissora, não é propriamente uma Ordem, mas tão somente um sistema de iniciação, avanço e completamente. São os três termos que competem à atribuição, por exemplo, dos três Graus Menores da Ordem Templária de Portugal.
Por isso eu disse, legitimamente, que não pertencia a Ordem nenhuma. Não podia legitimamente dizer que não tinha nenhuma iniciação. Antes, para quem pudesse entender, insinuei que a tinha, quando falei de «uma preparação especial, cuja natureza me não proponho indicar.» Essa frase escapou, e ainda mais o seu sentido possível, aos iledores anti-maçónicos. Só posso, pois, dizer que pertenço à Ordem Templária de Portugal. Posso dizer, e digo, que sou templário português. Digo-o devidamente autorizado. E, dito, fica dito.

Ora, é à luz dos conhecimentos que recebi pelos três Graus Menores da Ordem Templária que pude ler com entendimento livros e rituais maçónicos. Ausentes esses conhecimentos, estaria lendo às escuras.
A iniciação maçónica — que é uma iniciação do primeiro nível — é dada através dos rituais e dos símbolos; os discursos que acompanham o ritual nada conferem. Uns são propositadamente simples e triviais, para que o candidato, se é apto e digno, se vire d'eles para a parte vital do grau; outros são propositadamente confusos e contraditórios, para que obriguem o candidato, se nele há alma iniciática, a meditar, escolher, e, por fim, achar; outros são, como disse Pike (que escusava bem tê-lo dito) (...)

Segue de aqui que a leitura, por profanos, de rituais maçónicos, impressos ou manuscritos, os deixa no fim da leitura no mesmo estado de trevas em que estavam no princípio. Falta-lhes a luz com que dissipem essas sombras propositadas; o fio com que, espalhado no solo quando entram no labirinto, de novo os reconduza à entrada.
O entendimento dos símbolos e dos rituais maçónicos não pode ser obtido senão por iniciação direta, ou, excepcionalmente, por qualquer preparação espiritualmente equivalente que permita ao simples leitor de rituais visionar emotivamente as cerimónias, sentir no coração aquela vida própria com que os símbolos são almas. Fora disso há só uma noite sem madrugada.
A Maçonaria nada, pois, tem que ver com qualquer regime ou partido político, excepto se ou quando esse regime ou partido atacam a tolerância ou oprimem a liberdade. Nada tem que ver, por igual, com qualquer religião ou doutrina excepto se essa religião ou doutrina esta nas condições indicadas. No caso que (...)

Nesse caso é dever de todo maçon combater quanto possa esse inimigo da liberdade, e é seu dever natural de maçon, independentemente de indicação directa da oficina de que seja obreiro, ou da obediência a que, ele e ela, pertençam. Tolerantes, ou antes indiferentes, de mais têm sido a Maçonaria e os maçons para com tais doutrinas imprevidentes de mais para com elas quando ainda no início e mais fáceis portanto de combater. Foi esta falta de previsão que levou os maçons, e os liberais profanos em quem directa ou indirectamente influem, a considerar o "Integralismo Lusitano" como uma espécie de garotice miguelista, incapaz de crescer ou de ter força.
Certo amigo meu teve, durante algum tempo, a mania do hipnotismo e do "magnetismo". Em virtude disso fazia "experiências" — fitava intensamente diversas nucas, a ver se os seus donos se voltavam para trás; concentrava o olhar sobre diversas pessoas, a quem dava uma ordem mental, a ver se elas a cumpriam. Não sei, não me lembro, que êxito geral, ou média de êxito, obteve desses esforços pelo menos oculares. O que sei e lembro é o que ele uma vez me contou.
— Foi o outro dia, disse, na "Brasileira" do Rossio. Eu estava sentado a uma mesa contra a parede. Sentou-se a uma das mesas do meio, perto da minha, um tipo qualquer. Tomou um café e, depois de o tomar, deu sinais de se querer demorar, sem que parecesse esperar alguém. Decidi fazer uma experiência com ele. Concentrei-me, fitei-o firmemente e dei-lhe ordem mental de se ir embora. Fiz isto concentradamente durante uns bons cinco minutos. E V. sabe o que sucedeu?
— Não.
— Senta-se à mesa um segundo gajo.

Veio-me isto irresistivelmente à lembrança ao meditar uma vez casualmente no resultado da apresentação e execução da lei contra as Associações Secretas. O Estado Novo fitou atentamente a Maçonaria, deu-lhe ordem de que se fosse embora. E sentou-se à mesa o Segundo Gajo.
Ao Sr. Manuel Mexia [?] Pinto, tão diligentemente amigo da linguagem simbólica, ofereço sorrindo esta pequena alegoria.
Citei-lhes propositadamente autoridades maçónicas que já passaram de categoria. Citei Findel, Kloss e Gould (...) os dois primeiros extintos como autoridades, o segundo autoridade na espécie restrita da história. Não li nenhum. Para quê, se em livros sei de muito melhor, e se, em ciência, estou muito mais certo?
Deixar de citar o que vale e importa, no desenvolvimento que os conhecimentos maçónicos têm tido nos últimos anos. Todos caíram no logro, incluindo no alçapão involuntário que a tipografia do Diário de Lisboa lhes forneceu, passando-me Kloss para Kiuss. Todos pegaram nesta gralha — eles, jornalistas, que não sabem que há disto.
Dá-se entre o judaísmo e a maçonaria uma coincidência externa, como a de dois homens que viajam no mesmo comboio. Não há conluio, mas concordância. Ambos visam fins universais, ambos fins religiosos que se afastam da religião corrente, mas um e outro o fazem por motivos próprios que coincidem mas se não sobrepõem.

O segredo da Maçonaria é simplesmente este — que todas as religiões são igualmente verdadeiras, que dizer Júpiter ou Jehovah é, não dizer coisas diferentes, mas como quem diz a mesma coisa em línguas diferentes. Deve haver, portanto, tolerância para com todas as religiões — tolerância às avessas da do chamado livre pensador, que tolera a todas porque considera todas falsas. Um maçon pode ser tudo menos ateu.
Isto está dito nas constituições de Anderson, embora veladamente dito, e a interpretação literal do texto, do Grande Oriente de França, é errónea. Não se podia dizer isso explicitamente porque quase ninguém entraria para a Ordem, se se dissesse. É depois de estar na Ordem, de atingir a sua essência e espírito, que este segredo se atinge.
Todas as religiões, embora verdadeiras, são, contudo, simbólicas; como a própria Franco-Maçonaria. Isto é, os seus ritos e dogmas, os seus deuses e rituais, são verdadeiros, mas como símbolos, não como realidades. Os inimigos do Símbolo são a Ignorância, que esquece ou não sente que ele é símbolo; o Fanatismo, que (...) E assim matam o símbolo, e o Sentido (a Palavra) do símbolo se perde, a religião se materializa (morre), e só na pessoa do seu entendedor externo (o candidato) pode ser verdadeiramente ressuscitada.

Os argumentos contidos no meu artigo eram os seguintes:
1. "Tudo quanto de sério ou de importante se faz, faz-se em segredo; e, se as associações secretas são más por serem secretas, todos quantos decidem qualquer coisa sem ser em público, ou com plena publicidade ulterior, estão em igual estado de perversidade.
2. Aparentemente dirigido contra "associações secretas" em geral, o projecto de lei era realmente dirigido contra a Maçonaria.
3. A Maçonaria não é uma simples associação secreta, mas uma ordem iniciática, e o seu segredo é o comum a todas as ordens iniciáticas, a todos os chamados Mistérios e a todas as iniciações, ainda que fora de Templo, isto é, directamente de Mestre a Discípulo.
4. Da conversão do projecto em lei adviriam três consequências: (a) coisa nenhuma, porque as ordens iniciáticas não se destroem de fora, nem há exemplo de haver vingado qualquer tentativa (e citei três) de as extinguir; (b) perseguição aos melhores maçons; (c) criação de uma corrente hostil contra nós no estrangeiro — e citei exemplos de idêntica hostilidade em casos de perseguição à Maçonaria —, no que nunca há vantagem, sobretudo para um país como o nosso — pequeno, fraco, com ambições constantes sobre as suas colônias.
5. À parte tudo isto, a Maçonaria não é maléfica nem daninha, e erros ou até "crimes" que porventura provadamente se lhe apresentem são ou: (a) provenientes da falibilidade humana, pois que a Maçonaria é composta de homens; ou (b) de circunstâncias de meio e época que a Maçonaria não criou e que nela influem, ou em certos sectores dela, como influem sobre toda a gente; e que (c) nas mesmas circunstâncias está qualquer outra instituição, secreta ou pública, que exista no mundo, como, por exemplo. a Igreja de Roma, cujos erros e crimes provados são quase sem número.
Fora da linha do argumento fiz também incidentalmente, e a um outro propósito, as seguintes afirmações, que não constituem argumento.
6. O Sr. José Cabral e os anti-maçons são completamente ignorantes de assuntos maçónicos.
7. (a) Não sou maçon, nem pertenço a qualquer Ordem; (b) sou suficientemente conhecedor de assuntos maçónicos para deles poder confiadamente ocupar-me; (c) os meus conhecimentos maçónicos derivam-se, não da simples leitura de livros mas de certa "preparação especial", cuja natureza me não propunha, nem agora me proponho, indicar; (d) não sou anti-maçon; antes, através do meu estudo da Maçonaria, adquiri um conceito favorável dessa Ordem; (e) em virtude disso — não foi realmente só em virtude disso — vim defender a Maçonaria.
Finalmente:
8. Citei vários nomes de autoridades maçónicas e de maçons proeminentes ou célebres.

Os pontos numerados 6, 7 e 8 nada têm, evidentemente, que ver com o argumento. Se os menciono é porque sobre eles, ainda que nada tivessem para o caso, incidiram reparos vários, aos quais desejo fazer referência.
Tem o leitor diante de si, em forma que creio clara e precisa, o resumo do conteúdo do meu artigo, despido de incidentes de redacção e de estilo. Vejamos como se lhe respondeu.
Ao ponto (1) ninguém respondeu nem poderia responder: é, por assim dizer, automaticamente irrespondível.
Ao ponto (2), por geralmente admitido de parte a parte, ninguém opôs ou poderia opor a mais pequena observação. Bastava a origem do projecto — isto é, o seu autor, católico-romano e reaccionário, para ninguém supor que fosse um ódio abstracto ao secreto [,] um amor místico do pleno dia, que movesse o Sr. José Cabral a escrever e a apresentar o seu projecto de lei. O conteúdo deste, e do seu relatório, coincide aliás perfeitamente com o teor de uma moção votada em (...), em Braga em um congresso católico-romano. Em todo o caso, tive o cuidado de raciocinador de dizer no artigo que o projecto de lei era dirigido "total ou principalmente" contra a Maçonaria.

Para responder ao ponto 3, era mister provar qualquer das várias posições seguintes: (a) a Maçonaria não é uma Ordem iniciática; isto, que é falso, ninguém provou nem pode provar; (b) há Ordens iniciáticas que não são secretas; isto, que é falso, ninguém provou nem pode provar, pois não há iniciação, individual ou templar, que não seja secreta, visto que o ser ela secreta está na essência do mesmo conceito de iniciação; (c) a Maçonaria é secreta por outros motivos que o iniciático; isto, que é falso, seria ainda absurdo, pois, se a Maçonaria é já secreta por ser iniciática, escusa de ir buscar a outra parte o segredo que já tem; (d) as ordens iniciáticas são maléficas e ilegítimas, por serem iniciáticas, porque é maléfica e ilegítima toda a iniciação. — Este conceito, dogmático e gratuito, é exclusiva pertença da Igreja de Roma. Este argumento teria, porém, no trajecto, os seguintes desastres de viação. Atingiria os primitivos cristãos, pelo motivo já citado no meu artigo; e a Igreja de Roma declarar-se-ia implicitamente assente em bases de malefício e de ilegitimidade. Os opositores dos iniciados e dos herméticos nunca definiram, nem tentaram definir, o que é iniciação, não podendo declarar maléfico ou ilegítimo o que não sabem o que é. O que a Igreja de Roma pensa ou deixa de pensar não interessa ao Estado português, pois que está ainda em vigor a Lei de Separação, e as bulas ou encíclicas do Papa não são leis do País.
Quando digo que tenho conhecimentos maçónicos, quero dizer, primeiro, que sei o que é, iniciáticamente, a Maçonaria e qual o seu papel especial entre os ritos e sistemas de iniciação; segundo, que sei o que é, socialmente, a Maçonaria, e qual a relação, que é íntima e directa, entre o seu papel iniciático e o seu papel social; terceiro, que conheço, tanto quanto se pode conhecer (e não é muito) a história da formação, desenvolvimento e (...) da Maçonaria. O mais que sei do assunto é casual e acessório, pois não disponho de uma rede de espionagem nem convivo de hábito ou de bom grado com denunciantes.

Se me perguntarem qual é a significação do sinal abreviativo por três pontos em triângulo, quando primeiro apareceu em documento público e por que motivo algumas obediências maçónicas evitam o seu uso — se me perguntarem isso, sou capaz de responder, ainda que não responda. Se me perguntarem qual a origem e sentido do termo hebreu Kadosh, e por que motivo está ele erradamente aplicado ao grau em cujo título figura — se me perguntarem isso, estou apto a responder, o que não quer dizer que responda. Se me perguntarem porque é que a Grande Loja de Inglaterra, quando, no Ato de União de 1813, decidiu que a «pura e antiga Maçonaria» não era constituída senão pelos três graus simbólicos e o Sacro Real Arco (o de Zarubbabel e não o de Henoch, que é o Grau 13 do Rito Escocês), não passou todavia a trabalhar o Real Arco mas o entregou a um Supremo Grande Conselho dos Maçons [?] do Real Arco — se me perguntarem isso, estou apto a responder, embora guarde silêncio. Todas estas coisas são da alma e da essência da Maçonaria e, muito embora haja que colher em livros a indicação dos fatos, não é com uma ciência derivada de livros, que esses fatos podem ser coordenados e devidamente entendida e interpretada a sua coordenação. Se, porém, me perguntarem se certo indivíduo é maçon, ou quantas Lojas estão em actividade sob certa obediência, terei que responder, em geral, que não sei, porque de fato o não sei. Se, por acaso, souber, digo também que não sei.

Não lhes ocorreu que houvesse alguém que, não sendo maçon, tivesse todavia motivos para ter para com os maçons um sentimento deveras fraternal, que o movesse a defendê-los; que, não sendo presa de qualquer compromisso de sigilo, pudesse fazê-lo; que, tendo os conhecimentos necessários, pudesse fazê-lo competentemente.
O meu artigo foi somente o primeiro aviso de uma campanha a fazer; nem sou só eu que a faço, nem é ela feita só em 4 letras.
Assim o querem? Assim o terão.
Amigos reaccionários: em guarda!
Uma associação secreta é uma associação cujos fins são secretos, independentemente de o ser a sua composição. Um agrupamento monárquico que apoie um estado ou um partido republicano, com o fim oculto de subverter a um ou a outro, é uma associação secreta.
Se o sr. José Cabral conhece os nomes dos maçons, em que é que a Maçonaria portuguesa é secreta (...)

Os fins da Maçonaria são: (1) transmitir aos seus iniciados, por meio de símbolos, a maneira de, ou preparação para, estudar os «mistérios da natureza e da ciência»; (2) auxiliarem-se os maçons moral, e, se preciso for, materialmente uns aos outros; (3) fazer o possível para que nas sociedades se crie ou se desenvolva o espírito de tolerância sem o qual a vida mental e espiritual é impossível, e o respeito pela dignidade do Homem, sem o qual é impossível a própria vida social num país civilizado.
Uma associação secreta no sentido em que possa ser tomada por perigosa ou ilegítima, é, essencialmente, uma associação que é secreta quanto aos seus fins. O ser secreta quanto à sua composição, ou secreta quanto aos seus processos, não pesa para esse caso. Um serviço de espionagem, uma policia política, são necessariamente secretos quanto a composição e processos. Qualquer que seja a nossa simpatia, antipatia ou indiferença por esses sistemas secretos, ninguém nega aos estados e aos governos o direito de empregá-los. E que não são secretos quanto aos fins, e esses fins não são, em si mesmos, ilegítimos. Se são ilegítimos, a associação é ilegítima, nada importando que sejam secretos ou não os seus processos e os seus componentes.
Ora, qualquer que seja o grau de segredo — variável de país para país pelas razões que adiante serão expostas — que incida sobre a composição e os processos da Ordem Maçónica, nenhum segredo incide, pelo menos hoje, sobre os seus fins.

São estes os fins da Maçonaria em todos países onde existe. Os dois primeiros são acompanhados em toda a parte pelos mesmos processos — rituais no primeiro caso, actos de auxílio, e outros idênticos, no segundo. Circunstâncias várias, puramente internas, podem produzir, e produzem, diferenças rituais, de país para país; circunstâncias de educação, de preparação extra-maçónica e de temperamento podem produzir, de país para país, diferenças de exactidão e de solenidade nos trabalhos e ritos, e, de maçon para maçon, diferenças de aproveitamento e de compreensão. Como porém o espírito iniciático da Maçonaria se acha já todo contido nos graus simbólicos, e mormente no primeiro e no terceiro, e como o espírito destes graus, apesar de divergências, rituais e outras, por vezes extraordinárias, é o mesmo em toda a parte, sucede que do ponto de vista iniciático, a Maçonaria é a mesma em toda a parte, por mais que sejam os Altos Graus — que não [são] mais que graus de interpretação, transmutação ou complemento — que se sobreponham, neste ou naquele Rito, aos simbólicos. A Maçonaria Inglesa, propriamente tal, tem só quatro graus — os simbólicos e o Sacro Real Arco. Enganar-se-ia, porém, quem supusesse que um inglês Companheiro do Real Arco, e como tal Príncipe Maçon, está por isso inferior iniciáticamente com 29 pontos a um detentor de todos os 33 graus do Rito Escocês. Mais vale, em muitos casos, a leitura consciente e atenta de certos livros maçónicos, e até de certos livros que aparentemente nada têm com a Maçonaria, do que a obtenção de uma série extensa de Altos Graus, alguns d'eles infelizmente totalmente desprovidos de interesse ou de poder interpretativo, quando não até de coerência ritual. E mais do que tudo isso vale ainda uma iniciação extra ou supermaçónica.

Deve compreender-se que em tudo isto tenho estado a tratar da Maçonaria do ponto de vista iniciático. Que uma série extensa de Altos Graus sirva convenientemente para uma selecção ou peneiramento — concedo-o, e é, aliás, intuitivo. Isso, porém, não tem que ver com o lado iniciático, mas com o lado, por assim dizer, administrativo, da Maçonaria. Mais adiante tocarei esse ponto.
As condições sociais e políticas variam de país para país. Variam com elas as condições em que vivem as liberdades públicas, as normas de tolerância e respeito pelas opiniões individuais, o grau de educação do povo. A acção da Maçonaria, no que depositária de uma doutrina, ou critério, liberal terá forçosamente que variar com elas, e com essa variação terão também que variar os processos que adopta, o grau em que faz ou não faz segredo dos seus componentes.
Em Inglaterra, onde estão plenamente conquistadas as liberdades públicas, e onde ninguém seriamente a ameaça, a Maçonaria nada, ou pouco, tem que fazer politicamente. De aí resulta o não ter necessidade de ocultar os seus componentes (...)

Começa pelo mesmo nome da instituição: francalvenaria. Não é franca, porque é secreta, e nada tem que ver com alvenaria. Esta observação não é original: utilizo-me da célebre definição de franc-maçon dada por Mgr. de Broglie [?]: (...)
Uma das coisas com que se entretiveram os meus irrespondentes foi o demonstrar a minha grande ignorância de assuntos maçónicos. Como no resto, isso nada vinha para o caso. Estamos outra vez no 13 de Fevereiro e no Kiuss. Supondo que os meus conhecimentos da natureza e história da Ordem Maçónica fossem pobres e superficiais, nada isso pesava em favor do projecto do Sr. José Cabral. Como, porém, não há direito de intrujar o público, nem em nome do duplo sacerdócio de uma imprensa que se diz cristã, desejo empregar o espaço, já mais breve, deste artigo em corrigir a quase inacreditável série de dislates que me foram opostos como ciência maçónica, consciência católica e proficiência histórica.

Deixo de parte o erudito que nas Novidades assina "Malho" — Nada disse: limitou-se a cair nos alçapões que pus pelo meu artigo fora. Lamento somente que naquele jornal seráfico se empreguem expressões como (...), se bem que conheço a justificação que pode ser apresentada: os católicos romanos não são cristãos, mas pagãos sombrios, em nada têm pois que conformar-se com as doutrinas dos Evangelhos, e em nada que pretender seguir os ensinamentos do Cristo. Sei isso tudo muito bem. O que não compreendo é porque há "Malho" nas Novidades. Acham "malhete" pouco? Símbolo, embora involuntário; símbolo. "Latet in symbolis vita alteris vitae". E o Malho escusa de me vir dizer que sabe onde está essa frase, porque o pseudo-cristão não conhece os rituais da Ordem onde eles figuram, nem naturalmente, por serem em latim, debaixo da cifra em que estão translatos, porventura os entenderia. Nunca compreendi, aliás, porque é que os Padres da Igreja de Roma não sabem o latim em que, maçadamente, ofendem os rituais e as cerimónias cujas palavras profissionalmente proferem, sem alma, sem vida e sem religião. Esses amanuenses de Deus — de Deus como eles lá o entendem — nem sequer fingem servir decentemente o Grande Patrão. Por isso a freguesia escasseia, ou compra só batatas, para com elas formarem a sua lógica.

Ora, deixado de parte esse erudito do antipatriotismo negro, fica-me só, por desgraça minha e do leitor, o Sr. Alfredo Pimenta. Esta enciclopédia irracional é um dos mais perfeitos símbolos, exemplares e tipos que temos hoje, para prazer do nosso riso e mágoa do nosso espírito. É o perfeito símbolo do intelectual reaccionário — um monstro menor, magro de si mas engordado de reflexos e citações. É o perfeito exemplar do político reaccionário — um monstro um pouco maior, triste de si mas alegrado de ódios. É o perfeito tipo do interruptor nacional — um monstro enorme que se intromete sempre onde ninguém o chama e vem elucidar com asneiras o que ninguém escreveu. Sem termos aqui Loch Ness algum, apareceu-nos este monstro sem sequer trazer consigo o Loch. Assim seja. [...] O Sr. Doutor Alfredo Pimenta tem todo o valor [?] pelo menos literário, [...] só um castigo de Deus — uma praga de gafanhotos, como as vi em África: começa por esconder o sol e acaba por roer o verde. Felizmente tudo isso passa: é uma espécie de sarampo das novas épocas, se bem que o Sr. Dr. A. E,. tenha mais parecenças com uma tosse convulsa.
Até aqui tenho tratado o Sr. Doutor Alfredo Pimenta com a maior cortesia. Vou agora atacá-lo, desmenti-lo e ensiná-lo. Vai levar uma ensaboadela, e das boas. Ou fica limpo ou fica morto. No primeiro caso, presto-lhe um serviço a ele; no segundo, presto-o ao país.

Fernando Pessoa
Carta ao Director de A Voz, 28/01/1934


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A BÍBLIA E O SALMO 133 na Maçonaria

18/02/2019, Nenhum comentário
O Livro da Lei integra os ornamentos de uma Loja Maçónica, sendo assim denominada o Livro 
da Lei, símbolo da vontade suprema, que impõe as crenças espirituais estabelecidas pelas 
religiões e não se traduz apenas pelo Velho e Novo Testamento, mas de acordo com a filosofia 
religiosa de cada povo. Juntamente com o Esquadro e o Compasso constituem as três Grandes 
Luzes da Maçonaria. 
O Livro da Lei é considerado parte integrante dos utensílios maçónicos, sendo indispensável 
nos trabalhos de uma Loja. Segundo os pesquisadores, ela foi estabelecida em 1717, a partir da 
fundação da Grande Loja da Inglaterra. 
Existiam divergências quanto a aplicação dos textos do Livro da Lei nos Trabalhos Maçônicos, 
pelo fato da liberdade de uso, através dos tempos. Na Inglaterra, é costume abrir o Livro da Lei 
no Salmo 133, quando a Loja estiver trabalhando em Grau de Aprendiz. 
As Lojas Simbólicas, obedecendo a decisão da Assembleia Geral da Confederação da 
Maçonaria Simbólica do Brasil, de Junho de 1952, seguem a mesma orientação, e utilizam abrir 
o Livro da Lei no Salmo 133, versículos 1,2 e 3, procedendo a Leitura pelo Orador, na abertura 
dos Trabalhos do Grau de Aprendiz. 
SALMO 133 
Tentaremos interpretar os versículos, um a um, para facilitar a compreensão: 
1- Parte: “ Oh ! quão bom e quão suave é que os Irmãos habitem em união” 
Para os hebreus de antigamente, a palavra “irmão’ apresentava significado bem definido. 
Jerusalém não era apenas a Capital civil, mas também uma entidade espiritual. Em algumas 
ocasiões, práticas religiosas eram celebradas no Templo de Salomão. Era um período feliz, pois 
todos os judeus reconheciam a sua comum irmandade e “habitavam em união” por diversos 
dias, na Cidade Sagrada para onde todos convergiam. 
Mais do que qualquer outro povo, os judeus davam importância à unidade familiar. Os filhos 
nunca deixavam a tenda do pai, mesmo quando nómadas. Quando um rapaz casava, outra 
tenda era levantada. Somente as moças deixavam o lar, para se mudar para a tenda de seus 
maridos. Era o ideal da família, que “os Irmãos habitassem em união”. 
Assim como os irmãos de sangue sentiam a necessidade de unir-se em torno do Templo 
Familiar, entende-se que a filosofia maçônica tomou como exemplo essa experiência, para 
ensinar seus membros a estarem sempre juntos como única família, constituindo o seu Templo 
Espiritual. 
Quando são lidos os versículos do Salmo no momento do Ritual de abertura da Loja, esse texto 
atua em todos os Irmãos presentes, como unificador das mentes em torno do grande objectivo 
comum, pois neste momento constitui-se uma obra de criação a Glória do G A D U 
A interjeição “Oh” designa admiração, surpresa, realça o espírito do texto ao relatar a 
“excelência do amor fraternal”, o grau máximo de bondade e de perfeição causado pelo 
encontro dos que se amam.

Pesquisa Ir.: Jaime Balbino de Oliveira

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SÃO JOÃO PADROEIRO DA MAÇONARIA

17/02/2019, Nenhum comentário

São vários o João que acusam na história como Santos e Padroeiros de alguma entidade ou Instituição, no entanto, esta variedade não é tanta quando se trata do possível padroeiro da Maçonaria. Há três vertentes sobre o verdadeiro padroeiro da Maçonaria e por conta disso a dificuldade de se definir ao certo qual dos João é o padroeiro da Sublime Ordem. Tenho a minha preferência, e essa é a tónica dos artigos pesquisados, e após estudo na rede internacional de computadores é o que parecer ser a tónica das pesquisas, ou seja, a fonte de opção de qual dos João é o verdadeiro padroeiro dos maçons passa por uma escolha mais de ordem pessoal do que praticamente científica.

Corrobora com esta minha análise o que ensina o Ir.’. José Roberto Cardoso l, que publicou no seu Blog interessante artigo abordando a escassez de material na nossa cultura ocidental sobre o Patrono da Maçonaria ser, com cem por cento de certeza, São João Esmoler, ou de Jerusalém, como preferirem porque é a mesma pessoa.

Ressalta o autor que “No hemisfério sul há carência de documentos, obras literárias e científicas bem fundamentadas sobre a Arte Real para serem manuseadas e analisadas.” (1)

Importante ressaltar que o texto referido do Ir.’. das Grandes Lojas Maçónicas do Distrito Federal apresenta base bibliográfica o que demonstra maturidade e responsabilidade académica no trato do estudo sobre os mistérios da Sublime Ordem. Para registo, as teorias antes aventadas de que há três possíveis patronos da Maçonaria apontam da seguinte forma para cada um dos Santos. A primeira vertente aponta como padroeiro da maçonaria o João Baptista, primo de Jesus Cristo, denominado baptista por que era aquele que baptizava no Rio Jordão e trazia a boa nova, qual seja, a vinda do nosso salvador Jesus Cristo. Essa primeira corrente pode subdividi-la em duas, naqueles que associam João Baptista (2) como padroeiro de nossa ordem pela forma como foi morto, pois foi decapitado pela vontade e luxúria de Salomé, sobrinha do Rei, que queria ter com João Batista, sendo ele fiel a seus princípios negou a vontade da sobrinha do Rei, perdendo por conta dessa negativa a sua cabeça pela decapitação. Já a segunda, bem lógica por sinal, vincula o nascimento de João Baptista em 24 de Junho ao nascimento das Grandes Lojas Inglesas em 24 de junho de 1717. (3)

Já a segunda vertente versa sobre João Evangelista, o discípulo de Jesus Cristo que escreveu três livros importantes do Livro da Lei, entre eles o Livro do Apocalipse. Essa teoria do João Evangelista como padroeiro vincula a data de 27 de Dezembro como a data de seu nascimento. Coincidentemente, ambas as datas, tanto 24 de Junho quanto 27 de Dezembro vincula-se o primeiro ao equinócio de inverno no hemisfério norte e o solstício de verão no hemisfério sul. Sendo estas datas então consideradas pela Maçonaria como de suma importância porque trata de um astro importante que emite luz, ou seja, o sol, contra as trevas, o que a Sublime Ordem combate.

A tradição versa sobre a comemoração das datas do Deus Janio que na forma pagã era comemorada na data dos equinócios tanto de inverno quanto de verão, cultura pagã que o Cristianismo tratou de subtrair impondo datas comemorativas iguais, mas com cunho Cristão.

Nessa luta a igreja teve que adotar determinados costumes e incutir na cabeça dos soldados romanos a ideia de que Jesus havia nascido no mesmo dia em que nasceu o “Sol Invictus”. Aliás, a grande maioria dos deuses pagãos da antiguidade tinham seus nascimentos comemorados no solstício de Inverno. (4)

A terceira teoria vincula como padroeiro da Maçonaria o Santo canonizado pelo Papa no século VII, chamado de São João Esmoler, ou São João de Jerusalém. Passo a explicar os motivos pelos quais me vinculo a esta teoria.

A história relata que no ano 500 d.c, na Ilha de Chipre, nasceu o filho do Rei que ao longo de sua vida dedicara a benevolência e benfeitoras, assim como ao exercício da ponderação e tolerância. Esse príncipe cresce e na vida adulta perde por doença grave esposa e dois filhos retomando com esta perda o antigo sonho de dedicar-se a benevolência. Com isso assume definitivamente o dom do sacerdócio, vinculando-se a Ordem Benenditina.(5) Por suas obras vinculadas ao cuidado de visitantes que se lançavam a visitar a Terra Santa foi canonizado pelo papa no Século VII.

Já no século XI com as Primeiras Cruzadas houve a necessidade de amparar os fieis do Cristianismo que se lançavam a Terra Santa para a visita ao Santo Sepulcro porque havia na época saques e violência de toda ordem lançadas e decorrentes da guerra entre Muçulmanos e Cristãos.

A Ordem de Malta (oficialmente Ordem Soberana e Militar Hospitalleira de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, também conhecida por Ordem do Hospital, Ordem de S. João de Jerusalém, Ordem de S. João de Rodes, etc.), era uma ordem católica que começou como uma Ordem Beneditina fundada no século XI na Terra Santa, durante as Cruzadas, mas que rapidamente se tornaria numa Ordem militar cristã, numa congregação de regra própria, encarregada de assistir e proteger os peregrinos àquela terra.(6)

Então no ano aproximado de 1099 foi criada, na cidade de Jerusalém, a Ordem dos Templários Hospitaleiros, com cunho na história e ensinamentos deixados pelo Santo Beneditino São João de Jerusalém, ou São João Esmoler. (7)  Esse Santo se aproxima da Maçonaria hora pela sua benemerência e pela criação da hospitalaria presente até os dias de hoje na Sublime Ordem. Em 1797 era comum o tratamento oficial entre Lojas Maçónicas da seguinte forma: ‘Da Loja do Santo João de Jerusalém, sob o nome distintivo de _________Loja Nº __________.’(8)

Questionário realizado para o visitante nos trabalhos na Oficina. Também se aproxima da Maçonaria este Santo por conta da reconstrução dos templos destruídos dos Maçons que ele ordenou a reconstrução, vejamos que no:

No manual de Bezot, ele escreveu suas razões para pensar que este Santo era o patrono original da Maçonaria e, assim, o santo mencionado na Loja do Santo São João: ‘Ele deixou seu país e a esperança de um trono para ir a Jerusalém, a quem ele generosamente ajudou e assistiu os cavaleiros e peregrinos. Ele fundou um hospital e organizou uma fraternidade para assistir aos cristãos doentes e feridos, e prestar ajuda pecuniária aos peregrinos que visitavam o Santo Sepulcro. São João, que era digno de se tornar o patrono de uma sociedade cujo único objecto é a caridade, expôs sua vida mil vezes em prol da virtude. Nem a guerra, nem a peste, nem a fúria dos infiéis, podia impedir suas actividades de benevolência. Mas a morte, finalmente, o impediu no meio de seus trabalhos. No entanto, ele deixou o exemplo de suas virtudes aos Irmãos, que fizeram seu dever esforçar-se por imitá-las. Roma o canonizou com o nome de São João, o Esmoler ou São João de Jerusalém, e os Maçons – cujos templos, destruídos pelos bárbaros, que ele fez reconstruir – o seleccionaram por unanimidade como seu patrono.’ (9)

Esse texto foi escrito por um dos primeiros Maçons Franceses da História, conforme o artigo publicado pelo Ir.’. Bezot. São João Esmoler era conhecido pela propagação da ponderação e da tolerância. Na Alexandria resolvia conflitos com base nesses dois princípios que são elementos preponderantes na Sublime Ordem hoje.

Todas as quartas e sextas-feiras João se sentava no banco do lado de fora da igreja, apaziguava brigas, arbitrava as disputas, dava conselhos, ouvia as reclamações dos necessitados e procurava corrigir os erros e neutralizar o ódio que estavam prejudicando aquelas pessoas. Ninguém era insignificante para não ter a sua atenção. Desarmava sempre os inimigos usando sua humildade e as vezes até se ajoelhava a seus pés para pedir perdão.

São João de Jerusalém foi escolhido Padroeiro da Maçonaria porque seus ideais eram idênticos aos ideais Maçónicos como a fraternidade, a liberdade e a igualdade: “São João foi escolhido como patrono da Maçonaria devido aos seus ideais que combinavam com a doutrina maçónica. É por essa razão que todas as Lojas são abertas e dedicadas em sua homenagem.”(11)  Logo, posiciono-me no sentido de concordar com os Irmãos que se vinculam a teoria de que São João o Esmoler é o padroeiro da Maçonaria.

Eis aí, portanto, a razão das Lojas maçónicas, até hoje, serem conhecidas como Lojas de São João.Vem desses irmãos cavaleiros, não só a tradição arquitectónica, propriamente dita, aplicada especialmente na construção de asilos, hospitais, mosteiros e outras obras públicas, mas principalmente a actuação filantrópica que se observa na Ordem maçónica. Tanto que Lojas de hoje ainda se mantém a tradição de nomear um irmão “hospitaleiro” para recolher as contribuições dos irmãos para o “hospital”.

Logo, desde então, se mantém a tradição de que as Lojas, quando iniciados os trabalhos e quando finalizados se evoque  São João, sendo então João de Jerusalém, pessoa integra que dedicara a vida a fazer o bem as pessoas, como o exercício da ponderação, benevolência e a tolerância. Sejamos então mais tolerantes Ir.’..

 Tiago Oliveira de Castilhos, A.’.M.’.

BIBIOGRAFIA:

  • Cavaleiros Hospitalários – Idade Média – InfoEscola. Disponível em: http://www.infoescola.com/historia/cavaleiros-hospitalarios/
  • HALPAUS, Ed. Da Loja do Santo João de Jerusalém. Tradução e José Filardo. Disponível em: http://bibliot3ca.wordpress.com/da-loja-do-santo-sao-joao-em-jerusalem/
  • MORAIS, Antônio Luiz. Loja de São João. Disponível em: https://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/95-loja-de-sao-joao.html
  • REIS, Sérgio Crisóstomo dos. A Maçonaria de São João. Disponível em: https://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/9-a-maconaria-de-sao-joao.html

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A MULHER NA MAÇONARIA: DESDE O SÉCULO XVII ATÉ NOSSOS DIAS Esteva Maria Krinski

11/02/2019, Nenhum comentário

A participação da mulher na maçonaria é muito pouco conhecida por historiadores de nossa época, tendo em vista as dificuldades interpostas, dentre as quais a destruição de uma grande parte dos documentos que comprovavam tais fatos; os próprios maçons de lojas exclusivamente masculinas, resistiam e ainda resistem a idéia de que as mulheres possam fazer parte da sociedade maçônica.
A bem da verdade, posso afirmar que a relação entre a mulher e a maçonaria, marcada por separações e reconciliações, sempre foi conturbada e polêmica.
Esta pesquisa busca resgatar, dentro do possível, através de registros e depoimentos, a incansável luta de algumas, muito poucas, posso afirmar, mulheres que através dos movimentos feministas, desafiaram os preconceitos e conquistaram o direito de igualdade, tanto políticos como sociais.
Vamos pela linha do tempo:
Na Idade Média (final do século XVI), havia restrição quanto ao ingresso da mulher na maçonaria e o motivo, segundo pesquisa, se dava principalmente pela dificuldade de ofícios, já que era uma sociedade caracterizada pela miséria e falta de empregos, e os homens, receando que as mulheres se tornassem operárias e ganhando menor salário, reduzissem desta maneira suas oportunidades. Maria Oliveira Alves, secretária de relações Públicas do Grande Oriente, declara em entrevista a uma conhecida revista, que a proibição de mulheres nos rituais coincidiu com o período de "caça às bruxas", - era o tempo em que as mulheres só podiam desenvolver o INTELECTO nas labaredas da inquisição, - disse ela.
Antes desse período, nas tradições das sociedades secretas antigas, tanto homens como mulheres de qualquer posição social e cultural podiam ser iniciados na maçonaria e seus mistérios, e a única exigência era a de que deveriam ser puros e de conduta nobre. A perseguição da mulher começou na Inglaterra por influência dos mistérios Judaicos-Mitro-Romanos e algumas agremiações operativas da Idade Média, que viviam na clandestinidade, para escapar das cruéis perseguições eclesiásticas e políticas.
Em nenhuma escola pesquisada anteriormente, foi encontrado algo que proibisse o ingresso da mulher na ordem; pelo contrário, nos antigos mistérios do período operativo, a mulher desempenhava funções em igualdade com o homem, com a diluição desses mistérios pelas religiões, principalmente a Igreja Católica, as mulheres acabaram sendo discriminadas e inferiorizadas, e o clero feminino limitou-se a prestar serviços aos dirigentes eclesiásticos. Alegavam, nas sociedades antigas que a posição de inferioridade da mulher era devido à sua fragilidade física, sendo que até a esterilidade conjugal era indevidamente associada à mulher, pois não poderia comprometer o macho da espécie perante seus congêneres.
Na Magazine Freemason, publicado em 1815, aparece o texto de um pequeno livro chamado Manuscrito "Poema Régio", datado de 1730, descoberto por um antiquário, com 794 versos, nada consta nesse manuscrito que revele que a ordem seja restrita aos homens, pelo contrário, pois em seu art. 10º, versos 203 e 204, diz: "Que nenhum Mestre suplante o outro, sendo que procedam entre si como irmão e irmã". No item 9º, versos 351 e 352, encontra-se: "Amavelmente servimo-nos a todos, como se fôssemos irmão e irmã". Somente no verso 154 existe uma proibição, que é a de admitir servo como aprendiz. Há também uma citação das ordenações da Loja Corporação de Corpus Christi, em York, d 1408, que diz: "Nenhum leigo será admitido na corporação, exceto apenas aqueles que exercem uma profissão honesta, mas todos sejam clérigos ou leigos e de ambos os sexos, serão bem recebidos se forem de boa reputação e de bons costumes". No mesmo manuscrito, se indica que os irmãos e irmãs deverão prestar juramento sobre o livro e várias vezes se faz alusão a dama, particularmente no juramento do aprendiz, onde ele jura obedecer ao Mestre ou a Dama. Acredito que isso seja suficiente para provar que existiam sim, mulheres em seus canteiros de obras.
A exclusão da mulher só aconteceu a partir dos "Landmarks" que contrariavam as tradições e sociedades secretas antigas. Proibições estas, impostas pelo presbítero James Anderson, supostamente maçon, que no art. 18 de sua constituição de 1723, após a mudança da maçonaria operativa para especulativa, em 1717, vetou também a iniciação de escravos e deficientes físicos.
Sobre estas reformas de 1717, o maçon Miguel André Ransey diz: - Muitos dos ritos e costumes, quando contrários aos reformadores, foram mudados ou suprimidos. Também, segundo alto maçon Charles Sotseran, "As constituições de 1723 e 1738, do suposto maçom James Anderson, foram adaptadas para a então recém formada Primeira Grande Loja de Livres e Aceites Maçons da Inglaterra.
Anderson adulterou estas constituições, e para fazê-las atuar legalmente, alegou que quase todos os documentos relativos à maçonaria haviam sido destruídos pelos reformadores, em 1717. Charles admite: "A maçonaria especulativa tem muitas tarefas e uma delas é a de admitir a mulher como colaboradora em suas actuações como fizeram os Húngaros com a condessa Haiderik. Quanto ao presbítero, não provavelmente maçon, seguindo os costumes clericais, e sua própria inclinação, tirou da mulher um direito que foi dela durante centena de anos.
A maçonaria, não se conformando com essa discriminação, em 1730, sete anos depois da constituição de Anderson, criou na França um movimento, a Maçonaria de Adoção, destinada à mulher, sendo então fundada a ordem da Fidelidade, e que tinha apenas quatro graus. Em 1732, surgiu a Ordem dos Cavaleiros e Herínas da Âncora, dos Cavaleiros e Ninfas da Rosa, que não aceitavam mulheres como membros regulares, mas que lhes comunicavam sinais de reconhecimento e aceitavam suas presenças em determinadas cerimónias.
Em 1738, surgiu na Alemanha a Ordem de Moisés, em 1747, a Ordem dos Lenhadores, ordem esta que tomou suas principais cerimónias dos Carbonários, que na época existia na Itália. O lugar de reunião era chamado Corte Florestal, como se diria em tempos atuais "Pedreiros da Floresta", o Mestre tinha o título de Pai-Mestre e seus membros eram tratados por primos e primas. Esta ordem foi muito popular, e as senhoras de França nela foram muito bem acolhidas. Segundo um Historiador, o sucesso desta ordem foi grande, ocasionando a criação de outras; entre as muitas distinguiram-se a Ordem do Machado e a Ordem da Felicidade, as quais aproveitando-se da galantearia com que as senhoras se destacavam, combateram fortemente o exclusivismo da Franco-Maçonaria.
Em 1774, o Grande Oriente da França, percebendo que essas sociedades contavam com inúmeros membros, e que podiam prejudicar de alguma forma moral a que se propunha, criou um novo rito chamado de Adopção, que estabeleceu regras e leis para seu governo, prescrevendo que só os Franco-Maçons pudessem comparecer as suas reuniões, que cada Loja de Adoção estivesse sob o jugo de uma Loja Maçônica regularmente constituída, e que o Venerável desta última, ou seu deputado, fosse o oficial que presidisse acompanhado da presidente da Loja de Adopção.
Em 1775, com as regras acima, foi estabelecida em Paris uma Loja sob o título de Santo António, sob a presidência da Duquesa de Bourbon, a qual foi também nomeada Grã-Mestra do novo rito e meses depois foram fundadas as lojas "Candura" e "Nove Irmãs".
Em 1778, é fundada a Loja Estrela do Oriente, o rito de adopção tinha apenas 4 graus: Aprendiz, Mestra e Perfeita Mestra.
Em 1786, o conde Cagliostro, iniciado em 1760, na antiga maçonaria, pelo conde Saint Germain, fundava a Loja chamada Maçonaria Egípcia, para homens e mulheres; alegavam que se as mulheres haviam sido admitidas nos antigos mistérios, não havia razão para excluí-las das ordens modernas. A ordem de Moisés se espalhou pela Alemanha e o Rei Frederico I querendo proteger as mulheres, pôs a ordem sob sua protecção. A ordem cresceu, transpôs fronteiras e chegou a França, onde entrou sob forma de maçonaria de adopção.
Os argumentos usados pelos homens segundo Luciana Andréia Araújo, não convenceram as mulheres a ficar fora dela, ao contrário, afirma Luciana, acabaram ouvindo rituais atrás de portas, iniciaram-se nos mistérios e criaram suas próprias lojas.
Segundo narrativas de fontes orais, a senhora Beaton, escondeu-se no forro de madeira de uma loja de Norfolk, na Inglaterra, surpreendendo os segredos maçónicos. Foi então iniciada. Esta mulher guardou os segredos até sua morte em 1802.
Madame Xaintrailes (não se tem data precisa), numa festa de adoção, antes da entrada dos membros da loja, entre os visitantes estava um jovem oficial, em uniforme de cavalaria. O maçon encarregado do exame dos visitantes, pediu-lhe o certificado de maçon para ser examinado pela loja. O oficial entregou um papel dobrado que foi encaminhado ao orador da loja, o qual, ao abri-lo descobriu que se tratava de uma patente de ajudante de ordens, outorgada pelo Directório (1795 - 1799) à esposa do general Xantrailles, uma mulher que, com várias outras naqueles tempos conturbados, tinha revestido o traje masculino, alcançando uma graduação militar pela espada.
O historiador H. de Oliveira Marques conta que, em 1764, a arquiduquesa Maria Tereza da Áustria proibiu a ordem maçônica em seus domínios, depois de ter sido impedida de participar dos rituais secretos. O motivo pela qual a Rainha Elizabeth I teria perseguido a ordem na Inglaterra seria o mesmo.
Depois da revolução Francesa os aventais femininos novamente foram excluídos. No final do século passado Marie Deraisme, feminista de primeira grandeza, fundou a primeira escola de obediência oficial, com o nome de a Grande Loja Simbólica Escocesa Mista "O Direito Humano". A potência estendeu suas raízes pela Suécia, Inglaterra, Holanda, Itália e Argentina, sendo também fundada no Brasil em 1919, registada como Isis, em homenagem a deusa do sol. Não há muitos registros sobre sua difusão.
A Grande Loja Feminina da França, tornou-se a primeira potência legítima para administrar a maçonaria feminina Francesa.
A maçonaria era antigamente regida pelos Old Charges (antigas obrigações ou deveres), Old Charges, nome em Inglês dado a mais de cem manuscritos existentes actualmente, que contém a história legendária da maçonaria operativa antes de 1717.
Cagliostro registou sua esposa, Laurenza, Grão Mestre de uma Loja adotiva feminina; são daí iniciadas várias damas da nobreza. Em 1786, Catarina II, imperatriz da Rússia, presidiu a Loja Clio, conforme cita Vera Facciolo, soberana Grã-Mestra da Grande Loja Arquitetos de Aquário, do Grande Oriente de São Paulo, em sua tese "A mulher na maçonaria", apresentada no V congresso Maçônico Internacional de História e Geografia, realizado no Rio de Janeiro em março de 1990. A controvertida figura do conde Calistro, ou José Bálsamo, como afirmam alguns historiadores, criou em Lyon em 1786, o rito egípcio da maçonaria andrógina, que teve a princesa Lambelle como primeira Grã-Mestre honorária.

A revolução Francesa foi brutal para os maçons, assim como para a princesa Lambelle que foi massacrada em 1792 na prisão da forca; outras permaneceram no cadafalso; uma grande parte imigrou. Não parece Ter havido lojas no período Jacobino, mas a partir do consulado elas se reconstituem. Deu-se uma grande importância a certa tradição, segundo a qual Josephine Beauharmais, membro de uma loja adotiva, tinha sido encarregada pelo seu segundo marido, Bonaparte, de reconstruir essas lojas. Tornado-se imperatriz, assistiu pessoalmente a iniciação da condessa de Canisy, sua dama de honra, numa assembleia que teve lugar em Estrasburgo no ano de 1810. A partir daí não mais existiram lojas femininas na França até 1810.

A criação de lojas femininas tornou-se tão presente depois de 1871, e desde então foi tão fortemente apoiada por certos maçons que ela suscita uma criação exemplar, o que vem a acontecer através de Marie Deraisme, nascida em 1828, em Bourbon. Marie Deraisme é uma excelente escritora com talento de oradora, e as belas frases tanto escritas como faladas surgem com facilidade. Esta faculdade permite-lhe servir com eficiência a causa feminista.

Na Segunda metade do século XIX, a emancipação da mulher é uma realidade, e é nesta corrente de pensamento que Marie Deraisme se envolve. Marie é convidada para fazer uma série de conferências no Grande Oriente. Ela ia recusar quando um artigo de um jornal, que criticava as mulheres de letras, lhe chama atenção. Indignada com a afronta do masculino contra o feminino, ela muda de ideia. Sua luta pela emancipação da mulher se estende por mais 20 anos.

Em 14 de Janeiro de 1892, na loja "Les Libres Penseur", em Pec, na Normandie, Marie Deraisme recebe a luz maçónica, e no mesmo dia recebe os graus de companheiro e mestre maçon. A Grande Loja da França, ao tomar conhecimento deste fato, expulsou esta loja e seu Venerável Mestre, Obram. Dr George Martin, persuadiu este Venerável Mestre a fundar uma organização aberta a homens e mulheres, em pé de igualdade, juntamente com a escritora e jornalista Marie Deraisme. O Franco-Maçom, George Martin, Senador da República, que vinha trabalhando pela admissão da mulher na maçonaria, ofereceu sua ajuda a Marie Deraisme, que está resolvida a ver seu sonho realizado.

Esses três seres complementares reúnem seus conhecimentos para enfim, depois de tantos obstáculos criados por alguns franco-maçons, Marie Deraisme realiza sua grande obra; nasce oficialmente, em 04 de abril de 1893, a Grande Loja Simbólica Mista da França. A nova potência foi denominada "Le Droit Humain" (O Direito Humano). A escritora, Marie Deraisme fundou ainda a primeira loja feminista durável que levou o nome de "O Direito Humano"; é uma loja mista de rito Escocês, mas que só inicia mulheres.

Em Portugal, o boletim oficial do Grande Oriente Lusitano, regista em 1881, a existência em Portugal de uma loja de adoção, com o título de "Filipinas de Vilhena", aprovada pelo decreto nº 18 de 29 de dezembro de 1881, autorizando a instalação e regularização, sob os auspícios desse Grande Oriente, como filial 01 da loja "Restauração de Portugal". Essa loja teve vida agitada dentro da maçonaria, sendo expulsa deste Grande Oriente pelo decreto 9 de 10 de junho de 1883. Ingressaram então na nova Grande Loja dos maçons livres e aceites de Portugal.

Esta loja feminista abandona a Grande Loja em 29 de outubro de 1884, indo a seguir, filiar-se à Grande Loja Departamentel de Fortaleza do Grande Oriente da Espanha, até que em junho de 1885, a Venerável é expulsa, acabando assim a agitada vida da 1ª loja de adoção de Portugal. Somente em 1904, é que voltam a aparecer lojas de adoção em Portugal, e pouco a pouco as senhoras conquistaram sua independência, passando a se organizar em lojas femininas independentes, tal como as lojas masculinas, com representação própria e nitidamente apoiada pela "Le Droit Humain" Francesa.

Em 1902, foi fundada nos Estados Unidos da América do Norte, a ordem Maçônica Mista Internacional "O Direito Humano", e em 1919, no Rio de Janeiro, foi fundada a loja mista "Ísis". A Federação Brasileira "O Direito Humano", filiada a Maçonaria Mista Internacional, "Le Droit Humain", foi fundada em 1929.

Na França, e em outros países, existem atualmente, lojas femininas masculinas e mistas. Em nosso país, as potências masculinas regulares não reconhecem as lojas femininas e mistas e no entanto, estas aceitam como regulares as potências masculinas. O Grande Oriente do Brasil, em 1940, suprimiu de sua legislação as lojas de adoção, ficando assim evidente a sua aceitação posterior.

Há mais de 75 anos, espalhadas pelo mundo, funciona a Ordem Internacional "As Filhas de Jó", para jovens filhas de maçons de 11 a 20 anos, desenvolvendo em seus núcleos um ritual puramente devocional (lunar).

Na atualidade o tema "Mulher na Maçonaria", tem sido assunto de muita controvérsia, muitas opiniões já foram publicadas pela Imprensa Maçônica, algumas favoráveis ao ingresso da mulher na maçonaria regular masculina, e, em grande maioria são opiniões contrárias a esse procedimento.

A revista "Acácia", dedicou em várias edições, artigos de profundidade sobre o tema, alguns assinados por respeitáveis irmãos maçons.

Comentários de alguns autores:

Friedrich Nietzche, em "Oeuvres Posthumes" (Mercure de France, 1934, 156p) vê na mulher emancipada uma masculinidade, uma degeneração dos instintos femininos que arruínam seu poder.

A Grande Loja da Suíça, publica em seu nº 30, de Cayer bleu, que a mulher deve possuir seus próprios rituais, correspondentes à sua sensibilidade.

Em Paris, a loja Heptágono, elabora um ritual baseado nos ritos da tecelagem, com a simbólica das tramas e dos entrelaços.

A maçonaria de 1717, só pode refletir em suas constituições de 1723, um sentimento geral de servilismo da mulher, em um século puritano, dependente de seu marido ou de seu tutor. Ela não é livre no sentido jurídico.

Dentro desta incompreensão André Bousine define esse aporte feminino em "La Franc-Maçonnerie Anglo-Saxonne et les Femmes". Seu texto é abundante de ensinamentos, tirados de suas próprias fontes, dos rituais, das conversas e de sua freqüência nas lojas. Em sua tese de doutorado de história, sustentado em Dijon, a 22 de janeiro de 1990, conservou mais que o pensamento tradicional, o aspecto ao mesmo tempo espiritual e histórico, baseados em valores iniciáticos, que particularmente nos Estados Unidos, se inscrevem em um contexto sociológico, no respeito de usos e costumes de um país. O maior interesse desta obra é traçar um paralelo entre as lojas de adoção Francesas do século XVIII, e nossas lojas femininas atuais, face as lojas feministas Inglesas e Americanas.

Esta matéria foi publicada originalmente no nº 4 de 1995 da edição Francesa L'Initiation.

"O progresso em nossos dias estabeleceu entre homens e mulheres, igualdade de direitos sociais, políticos e jurídicos. Poderá este novo status influir para a reconsideração de uma posição que faltam as bases tradicionais que colocavam a mulher sob a dependência e a tutela do homem?"


(Por Anatoli Olynik Dyn)

O Mito da Fenix e seu simbolismo.

06/02/2019, Nenhum comentário
Na Maçonaria, o mito da fênix é invocado em toda sua grandeza iniciática para mostrar a natureza que se renova em toda sua integridade, pela ação fogo, que aqui significa tanto o trabalho do alquimista no seu forno, cozendo e recozendo o material da Obra, quanto o batismo cristão, conforme preconizado por João Batista. Ambos são analogias que simbolizam a prática da doutrina renovadora da Maçonaria.
Joaquim Gervásio de Figueiredo, 33º, em seu Dicionário de Maçonaria, assim a descreve: 
Fênix: ( do grego phoinix ) – Na Mitologia egípcia, é um belo e solitário pássaro fabuloso, do tamanho de uma águia, que viveu no deserto árabe um período de mil anos, findo o qual se consumiu no fogo, ressurgindo, posteriormente, de suas próprias cinzas, renovado, para reiniciar outra vida igualmente dilatada. Tem parentesco simbolico com o simurgh persa, meio fênix e meio leão; com a hamsa hindu e a águia bicéfala dos heteneus e hindus. Acha-se representado em numerosos manuscritos antigos, sendo que, na arqueologia cristã, aparece circundado de raios solares, que o consomem, para ele renascer em seguida, como simbolo de Cristo morrendo mas ressuscitando… figura do painel da Loja Egípcia do Rito de Cagliostro, grau de Mestre, no meio de uma pira, significando que, como esse pássaro, o maçom pode renascer à vontade de suas próprias cinzas.
O resgate dos chilenos, em 13/10/10 – No acidente na mina San José, no Chile, em 2010, a cápsula que estava retirando um por um dos 33 mineiros foi chamada de Fênix, porque o resgate deles, a uma profundidade muito grande de terra, lembrava a ressurreição da ave mítica das cinzas; teve, a meu ver, simbolismo maçônico. Para os conhecedores do simbolismo maçônico e do ocultismo, é difícil não refletir sobre os fatos numerológicos e simbólicos do evento, tais como:
1 “O número de mineiros” – Insígnia do 33º (e mais alto) Grau do Rito Escocês Maçom. O número 33 é de grande importância na Maçonaria e no sistema de números da cabala. Ele pode ser encontrado em muitos casos na tradição maçônica.
2 “A data do evento” – A data do início do resgate, 13/10/10, também é significativo pois pode ser cabalisticamente calculado da seguinte maneira: 13+10+10, o que equivale a 33.
3 “A Fênix” – O nome do dispositivo de resgate foi chamado “Fénix” (Phoenix), que é a ave que renascia das próprias cinzas. Mais uma vez, a seleção do nome Fênix, uma criatura mitológica, representando uma grande importância nos mistérios do ocultismo, é bastante interessante. A ave é considerada um símbolo de consumação da transmutação alquímica, um processo equivalente à regeneração humana.
“Nos Mistérios era habitual referir-se aos iniciados como fênix ou homens que haviam nascido de novo, pois apenas com o nascimento físico ganha o homem consciência no mundo físico, então o neófito, depois de nove graus no seio dos Mistérios, nasceu para uma consciência do mundo espiritual.” – – Manly P. Hall, “Ensinamentos Secretos de Todas as Idades”.

4 “O simbolismo do evento – Para resumir o caso do resgate, 33 mineiros que ficaram presos por 69 dias, nas profundezas e na escuridão do subsolo, foram suspensos um a um, em um dispositivo chamado “Fênix” – uma criatura representante da iniciação ocultista – à luz do dia. Como se costuma dizer: “Ex tenebris lux”: Da escuridão para a luz.
Como vimos, a crença na ave lendária que renasce das próprias cinzas, existiu em vários povos da antiguidade e, em todas as mitologias, o significado da fênix é preservado: a perpetuação, a ressurreição, a esperança que nunca têm fim.
Nós, maçons, somos como a mitológica ave Fênix, pois temos um grande fogo que arde dentro de nossos corações, cheio de paixão, desejo, amor e esperança, com milhares de ideias e perseverança para que elas se realizem; quando parecemos não ter mais forças, renascemos das cinzas e incendiamos a tudo e a todos com força e esperança, que nascem de dentro e se espalham, mostrando como não devemos desistir de nossos amores, ideais e lutas.
Podemos cair mil vezes, mas mil vezes iremos levantar, e das cinzas ressurgiremos, cada vez mais fortes, cada vez mais donos de nós mesmos e, com certeza, estaremos a cada passo mais perto da felicidade. Podemos até errar, mas poderemos nos levantar e mudar tudo para melhor, porque somos únicos neste mundo, e temos a obrigação de ajudar a fazer a vida ser algo melhor, não só para nós mesmos, mas para todos que nos rodeiam.
Fênix, símbolo da esperança e do renascimento. “Esperança” é uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal; requer uma certa perseverança, acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário. O sentido de crença deste sentimento o aproxima muito dos significados atribuídos à fé. “Renascimento” é o processo através do qual você lamenta a sua perda e depois se levanta e começa tudo de novo. É um dos principais segredos para alcançar o sucesso. As pessoas realizadas são aquelas que nunca desistiram de tentar ser assim.
Algumas vezes, como a Fênix, temos que renascer das cinzas. Devemos passar pelo fogo e sair fortalecidos, renovados, renascidos e cheios de esperança.
Wilton Brandão Parreira Filho
M.’. M.’. – ARLS Wilson Lopes de Almeida

BIBLIOGRAFIA:
1 Fênix – 
2 Fênix – andromeda-news.blogspot
3 Lenda da Fênix- telehomeoffice.blogspot
4 História da Fênix: telehomeoffice.blogspot 2011/09/historia-da-fenix
Significado de Fênix


Fênix, o enorme pássaro da mitologia gregada-mitologia-grega;
8 História da ave mitológica 2012/08/historia-da-ave-mitologica-historia-da-ave-mitologica-fenix-e-mais
9 Fênix, a Ave Mitológica



LOJA AZUL NA MAÇONARIA

06/02/2019, Nenhum comentário

Em Maçonaria, designam-se por Lojas azuis as Lojas que trabalham nos três graus essenciais da Maçonaria: Aprendiz, Companheiro e Mestre. Porquê azuis? Simplesmente porque, na sua origem, essa foi a cor escolhida pelos maçons que, no século XVIII, criaram, em Inglaterra, a Grande Loja de Londres. Nesse tempo, havia apenas um rito praticado e a cor que o identificava, a cor principalmente usada nos artefatos dos maçons, era o azul.

E assim permaneceu, designadamente nos países anglo-saxónicos, que, praticamente em exclusivo, praticam apenas o Rito de York ou suas variantes. A cor deste rito é o azul.

Como nos países anglo-saxónicos a tendência é para a prática de um único rito, e sendo a cor associada a esse rito, passou a designar-se por Lojas Azuis as lojas dos três graus essenciais da Maçonaria.

Com efeito, outras cores são associadas a outras situações em Maçonaria. Por exemplo, os Grandes Oficiais das Grandes Lojas anglo-saxónicas usam, normalmente, colares e aventais orlados na cor púrpura.

Após a implantação da Maçonaria, seguiu-se um período de criação e proliferação de ritos. Cada rito era, pelos que o criavam, associado a uma cor. Das dezenas de ritos que apareceram, como é natural só uns poucos subsistiram. De entre estes, o Rito Escocês Antigo e Aceite, cuja cor é o vermelho.

Na Maçonaria anglo-saxónica, os três graus básicos são, quase exclusivamente (existe uma exceção célebre, que adiante referirei) trabalhados no rito de York ou suas variantes, cuja cor, como acima referi, é o azul. Existem, para além dos três graus básicos e essenciais da maçonaria, sistemas de Altos Graus, que prolongam o caminho iniciado nesses três graus básicos. Mas todos os maçons, nos países anglo-saxónicos, trabalham na Maçonaria Azul (os três graus básicos, no Rito de York ou suas variantes). Os que o pretendem e a tal são admitidos, podem ainda trabalhar em Altos Graus, seja do Rito de York, seja do Rito Escocês Antigo e Aceite. Nos países anglo-saxónicos (ressalvada a tal exceção…) não se trabalha no Rito Escocês Antigo e Aceite nos três primeiros graus. Só a partir do quarto grau.

Na Maçonaria Continental Europeia, em África e na América Latina, pelo contrário, as Lojas que trabalham no Rito Escocês Antigo e Aceite utilizam-no desde o primeiro grau. Aqui, o Rito não é exclusivamente um rito de Altos Graus, antes é um sistema coerente, que vai desde a iniciação até ao último dos Graus Filosóficos. Apesar de a cor do rito ser a vermelha, continua-se a designar as Lojas dos três primeiros graus do Rito Escocês Antigo e Aceite como Lojas Azuis, em uniformidade com o estabelecido no resto do mundo maçónico.

Consequentemente, embora a designação de Loja Azul tivesse originalmente decorrido da cor do rito que no século XVIII se praticava, hoje em dia essa designação aponta as Lojas dos três primeiros graus da Maçonaria, qualquer que seja o rito praticado.

Quanto à tal exceção, que é, afinal, uma mera curiosidade. Presentemente, nos EUA, toda a Maçonaria Regular trabalha num único rito, a variante norte-americana do Rito de York, fixada por Preston e Webb (normalmente denominada por Rito Preston-Webb). À exceção de uns irredutíveis gauleses… Não propriamente a aldeia de Astérix, mas algo de parecido. A Louisiana foi originalmente colonizada por franceses e foi território colonial francês. Foi durante esse período que ali foi introduzida a Maçonaria, segundo o rito mais praticado em França, o Rito Escocês Antigo e Aceite. Ulteriormente, a Louisiana foi vendida pela França aos Estados Unidos e passou a Estado integrante dos Estados Unidos da América. Quando ali se organizou, ao estilo continental norte-americano, a Maçonaria, sob a égide da Grande Loja da Louisiana, todas as Lojas a partir daí criadas passaram a utilizar a variante local do Rito de York. Mas as Lojas pré-existentes que manifestaram o desejo de continuar a trabalhar segundo o Rito Escocês Antigo e Aceite, mesmo nos três primeiros graus, foram autorizadas a assim continuar a fazer. Até hoje! Subsiste presentemente cerca de uma dúzia dessas Lojas. Os maçons americanos chamam-lhe “Maçonaria Vermelha” e… são um polo de curiosidade…

Texto de Rui Bandeira ( 19/02/2009)


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«Qual é a origem do lema Liberdade – Igualdade – Fraternidade ?»

01/02/2019, Nenhum comentário

 Maçonaria teve, historicamente, por lema Liberdade, Igualdade, Fraternidade Esta mentira … deve ser “contraditada” de uma vez por todas. Não! Maçonaria francesa, bem entendido, não impôs esse lema; ela pediu emprestado à República. Vamos explicar os detalhes.

Tradicionalmente, a Maçonaria não tem lema, mas máximas e aclamações. No século XVIII, os documentos maçônicos oficiais, as pranchas traçadas dos últimos trabalho são, geralmente, precedidas pela fórmula simples ” Saúde, Força, União ”

A ideia de combinar Liberdade, Igualdade e Fraternidade se origina, aparentemente de um dos principais atores da revolução, a saber, Maximilien de Robespierre (1758-1794), que propôs em 27 de abril de 1791 à Assembleia Constituinte inscrever três palavras na bandeira e botões das Guardas nacionais; com o único propósito de prestar homenagem ao seu civismo e sua coragem.

A proposta de Robespierre não foi aprovada, bem como foi em vão a iniciativa tomada por Jean-Nicolas Pache, prefeito de Paris, em 21 de junho de 1793, de colocar de cartazes na cidade com a inscrição ” Unidade e indivisibilidade da República, Liberdade, Igualdade, Fraternidade ou a Morte “.

Também sem sucesso foi a inclusão das três palavras anteriormente citadas pelo redator da ata dos trabalhos de retomada das atividades da Grande Loja da França, em 24 de junho 1795, depois de um sono forçado de vários anos.

Voltemos a julho de 1791 para extrair de uma circular da Loja Mãe do Rito Escocês filosófico, São João do Contrato Social, essa afirmação “Muitos séculos antes que Rousseau, Mably, Raynal tivessem escrito sobre os direitos humanos e tivessem jogado na Europa a massa de Iluminismo que caracteriza o seu trabalho, nós praticávamos em nossas Lojas todos os princípios de uma verdadeira sociabilidade. A igualdade, a liberdade, a fraternidade eram para nós os deveres mais fáceis de cumprir que nós afastamos cuidadosamente para longe de nós os erros e preconceitos que, por tanto tempo, trouxeram a infelicidade às nações. ”

Será preciso, de qualquer maneira, esperar até 25 de fevereiro de 1848 até que Louis Blanc (1811-1882), então membro de um governo republicano provisório – e futuro maçom – fizesse inscrever a tríade Liberdade, Igualdade, Fraternidade como divisa nacional na Constituição da Segunda República.

E não será até 10 de agosto do ano seguinte, ou seja, 1849, que ele será adotado como lema maçônico pelo Grande Oriente, antes de todas as potências francesas viesse a reclamá-lo por sua vez. Portanto, a César o que é de César; Reddite quae sunt Caesaris, Caesari .

Supondo, no entanto, que se, oficialmente, os maçons não podem contar com o fato de que eles foram os primeiros a fazer uso de um lema de renome internacional, eles eles podem, mesmo assim, afirmar que o inspiraram para a nação … Lembrando-se, principalmente que um secretário de Loja, em 07 agosto de 1793, em Lille, rubricou um diploma “ em nome e sob os auspícios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade “; diploma sobre o qual ele havia apagado a menção maçônica impressa: “em nome e sob os auspícios do Sereníssimo Grão-Mestre “. Isso cerca de 56 anos antes do advento da Segunda República.

✦ Para mais informações, consulte: Os Anais da Maçonaria (Guy Chassagnard, Edições Alphee, 2009) para os anos de 1791, 1793, 1795, 1848, 1849.

© 2014 Guy Chassagnard – chassagnard@orange.fr- Todos os direitos reservados

A Maçonaria

31/01/2019, Nenhum comentário
“O trabalho maçónico é puramente um trabalho de amor. Aquele que buscar receber salários na Maçonaria em ouro ou prata, ficará desapontado. Os salários de um Maçon são ganhos e pagos na interacção com os seus irmãos. Simpatia gerará simpatia, bondade gerará bondade, auxílio gerará auxílio e estes são os salários de um Maçon”.

31/01/2019, Nenhum comentário


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